Sob ataque e cerco de Israel, palestinos na Faixa de Gaza enfrentam bombardeios constantes e o fantasma da fome “catastrófica”
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Relatório da Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC), divulgado nessa segunda-feira (18), revela a situação da fome na Faixa de Gaza. Segundo o estudo, até 1,1 milhão de pessoas podem enfrentar o que a entidade chama de “fome catastrófica” nos próximos meses, o que representa metade da população local.
Os dados revelam escalada preocupante em comparação com estimativas anteriores. O relatório anterior do IPC, publicado em dezembro, já alertava para a crise iminente. À época, indicava que 677 mil pessoas, ou 30% da população de Gaza, poderiam estar em uma situação crítica de fome entre fevereiro e março deste ano.
Além disso, o estudo apontou aumento alarmante na desnutrição aguda entre crianças de 6 a 23 meses: de 16,2% para 29,2% apenas nos primeiros dois meses deste ano. Além da fome, o regime sionista de Israel já matou mais de 31 mil palestinos, sendo mais de 60% mulheres e crianças.
Fome apocalíptica
Philippe Lazzarini, chefe da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), expressou sua preocupação e denunciou as restrições de acesso à região. Ele destacou a necessidade urgente de abrir todas as passagens para permitir a entrada de ajuda humanitária.
“Este é o maior número de pessoas já registrado em situação de fome catastrófica pelo sistema IPC. É o dobro do número de apenas três meses atrás”, lamentou Lazzarini. Ele enfatizou que a situação é crítica, com crianças morrendo de desidratação e fome.
A classificação IPC, apoiada pelas Nações Unidas, fornece indicadores para medir o grau de fome enfrentado por populações em todo o mundo. Varia da fase 1, quando as necessidades alimentares são atendidas sem estratégias atípicas, até a 5. O último estágio indica “extrema falta de alimentos” e condições de desnutrição aguda e mortalidade.
“A fome é iminente nas províncias do norte e deverá ocorrer a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024”, diz a organização. Nesse sentido, a entidade reforça pedido de cessar-fogo imediato para levar alimentos a essas pessoas. No norte da Faixa de Gaza, local mais crítico, o levantamento estima que 70% da população, ou 210 mil pessoas, está em risco de fome catastrófica”, completa Lazzarini.
Não há lugar seguro em Gaza
Embora a situação seja mais grave no norte, toda a população de Gaza está pelo menos na fase 3 (crise) de segurança alimentar. Algumas áreas, como as províncias do sul de Deir al-Balah e Khan Younis, e a província de Rafah, já alcançaram a fase 4 (emergência) e enfrentam o risco de alcançar a fase 5 (fome catastrófica) até julho.
A crise humanitária em Gaza tem como agravante o bloqueio de alimentos e insumos médicos. O governo brasileiro denunciou veementemente essas ações, afirmando que Israel viola o direito internacional ao impedir a entrada de ajuda. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou que o bloqueio à ajuda humanitária em meio à fome e à falta de suprimentos médicos é uma violação clara do direito internacional. O governo brasileiro também se uniu a outros países na pressão sobre Israel, inclusive apoiando uma acusação de genocídio em Gaza na Corte Internacional de Justiça, apresentada pela África do Sul.