“Fome de Poder”, a ambição desmedida da nova América.

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Por Celso Sabadin em Planeta Tela – 

Os anos 50 e 60 parecem estar na moda no cinema comercial norte-americano. Depois de “Um Limite Entre Nós”, “Estrelas Além do Tempo” e – por que não? – da nostalgia de “La La Land”, chega agora ao circuito “Fome de Poder”, a história da criação de um dos maiores sucessos mercadológicos do século 20: o Mc Donald´s.

De maneira tradicional e até didática, o roteiro de Robert Siegel (o mesmo de “O Lutador”) mostra que não foram os irmãos Mc Donald que fizeram sucesso e fortuna com a famosa rede de lanchonetes, mas sim um tal Ray Crock (Michael Keaton), vendedor de máquinas de fazer milk shake, que convenceu os irmãos a transformar o negócio em franquia.




Ambientado na virada dos anos 1950, o filme é um retrato do desenvolvimento do pensamento norte-americano do pós-guerra. O que se vê é uma luta insana entre os Mc Donalds e Crock, símbolo tangível da briga entre o conservadorismo e este empreendedorismo voraz que dava seus primeiros passos numa economia em brutal ascensão. A palavra escrúpulo ganha novo significado, e borram-se os limites entre o que pode e o que não pode ser considerado amoral ou ético. Em nome do capitalismo tudo agora é permitido, até elevar o logotipo dos famosos arcos dourados à condição de religião. Estamos às portas do assassinato de Kennedy e da Guerra do Vietnã, momento que historicamente significa a perda da suposta ingenuidade da sociedade estadunidense. A era do posmodernismo se aproxima, e com ela a necessidade do aumento da velocidade do consumo a qualquer custo.

Ainda que de narrativa convencional, “Fome de Poder” tem o mérito de não cair na tentação fácil de ser um grande merchandising do Mc Donald´s: o filme tem auto crítica e não faz de Crock um herói. Pelo contrário, mostra-o como um visionário com a própria visão embaçada pela fome de poder que o consome. Aliás, um raro caso de título em português que cai melhor que o título original (“The Founder”, o fundador).

Com direção de John Lee Hancock, o mesmo de “Um Sonho Possível”, o filme estreou nesta quinta, 9 de março.

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