Publicado na Revista Fórum –
Polícia só teve conhecimento da planilha no mês passado, quando conseguiu acessar o celular de Lessa. Imagem foi enviada pela esposa no dia 22 de janeiro, dois dias antes do depoimento que ele prestou com Élcio Queiroz na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato
Uma foto da planilha escrita à mão pelo porteiro que mostra que Elcio Queiroz teria tido acesso ao condomínio Vivendas da Barra por permissão do “Seu Jair”, da casa 58 – de propriedade de Jair Bolsonaro -, foi enviada por Elaine Lessa ao marido, Ronnie Lessa, no dia 22 de janeiro, dois dias antes de Lessa e Queiroz serem ouvidos na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato, quando ainda estavam soltos.
Segundo informações da reportagem da Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (31), a planilha só se tornou alvo da investigação em outubro, quando peritos conseguiram acessar dados do celular de Lessa e encontraram a foto enviada pela esposa.
O aparelho celular foi apreendido em março, durante a operação que levou Lessa e Queiroz para a prisão, mas estava bloqueado por senhas.
O advogado Fernando Santana, que defende Elaine Lessa, declarou que sua cliente nunca foi questionada sobre a mensagem mencionada pelas promotoras que investigam o caso e negou que ela tenha enviado a foto ao marido.
Gravações
A promotora Simone Sibilio afirmou que a polícia não sabia em março que havia um sistema de gravações entre a portaria e os moradores. “Gravação não é comum. Nem moradores sabiam que existia”.
Em interrogatório na Justiça, no último dia 4, Lessa confirmou ter se encontrado com Élcio em sua casa, o que também motivou o pedido de busca e apreensão. Com base nesses indícios, a polícia realizou a busca e apreensão no dia 5 de outubro, quando a planilha teria sido apreendida.
No dia 7 de outubro, o síndico do condomínio Vivendas da Barra entrega à Polícia Civil arquivos com gravações do interfone da portaria de janeiro a março de 2018. Na mesma data, o porteiro prestou depoimento e afirmou que Élcio foi autorizado a entrar por uma pessoa da casa 58 com a voz do presidente, que se identificou como “Seu Jair”. Dois dias depois, o porteiro confirmou a versão em novo depoimento.