Por Nirton Venancio, cineasta, poeta, professor de literatura e cinema
Em 1983, François Truffaut lançou “De repente, num domingo” (Vivement dimanche!), um policial com ótimo enredo de suspense, com Jean-Louis Trintignant e Fanny Ardant, com quem estava casado há três anos.
O cineasta comemorava a boa repercussão do filme e o nascimento de sua filha Josephine, quando numa manhã queixou-se de fortes dores de cabeça que continuaram pelos meses seguintes. Em 1984 foi diagnosticado câncer no cérebro e começou o tratamento.
Na tarde de 21 de outubro Truffaut faleceu no leito do histórico Hospital Americano de Paris, quando começava a escrever a autobiografia, com a ajuda do amigo roteirista Claude de Givray.
François Truffaut amava a infância, o cinema, as mulheres. Sintetizo essa paixão em sua filmografia em três grandes títulos de minha predileção:
– transformou sua traumática infância em um dos mais belos filmes de sempre, “Os incompreendidos” (Les 400 coups), longa de estreia, em 1959;
– traduziu a sua paixão como cineasta no mais emblemático filme sobre os bastidores de uma produção, o metalinguagem “A noite americana” (La nuit américaine), em 1973;
– expressou sua paixão pela alma feminina em “O homem que amava as mulheres” (L’homme qui aimait les femmes), de 1977.
Truffaut partiu na juventude da maturidade, aos 52 anos. Não teve tempo de escrever sua biografia, mas sua vida está claramente exposta e compartilhada em seus 26 filmes e agora 40 anos de ausência.
Foto Joe Gaffney, 1977
Trailer de “De repente, num domingo” (Vivement dimanche!)