Por Ricardo Cappelli –
Foi curiosa a reação de vários atores da campo progressista à decisão corajosa do deputado Marcelo Freixo.
Muitos dos que elogiaram a atitude estavam com seus rostos cobertos pelo vermelho da vergonha. Outros preferiram fingir que não viram. Diante de decisões grandiosas, o pequeno fica minúsculo.
Vivemos uma ameaça fascista? O Estado Democrático de Direito está realmente ameaçado? O presidente da República almeja um poder totalitário? Não é isso que escrevemos todos os dias?
Se a preocupação é verdadeira, qual a conseqüência efetiva? Este diagnóstico gravíssimo não muda nada? Vamos para uma eleição como a de 2016? Projetos partidários estão acima dos interesses da nação? Vai vigorar o cada um por si?
É este mesmo o “grande exemplo” que os dirigentes dos partidos progressistas vão dar para os desempregados, para os excluídos e ameaçados pelo arbítrio? Estes são os “altruístas” que colocam os interesses do povo acima das preocupações com o próprio umbigo?
Sinceramente, me desculpem o desabafo, mas é preciso ter um mínimo de vergonha e responsabilidade.
A história está gritando. O povo chora todos os dias os seus mortos. A fome começa a bater na porta dos brasileiros. Os comerciantes estão vendo seus negócios falirem. Um mar de dramas e incertezas está tomando o país.
O fascismo está em marcha batida na maior crise de nossa história. É uma traição qualquer um que se diz progressista colocar picuinhas ou interesses particulares acima da nação.
Num cenário como este, tem cabimento, “pelamordeDeus”, termos quatro ou cinco candidatos no Rio sem nenhuma chance de vitória? Chega a ser vergonhoso. Não querem derrotar Bolsonaro? Ou isso é apenas discurso para a militância ingênua?
Faz sentido em São Paulo, principal cidade do país, vigorar um festival de “candidaturas-marca-posição”? Faz sentido o mesmo se repetir em outras capitais do país?
O gesto grandioso de Freixo jogou luz na derrota trágica que se avizinha. O mínimo que os partidos do campo progressista deveriam fazer é suspender todas as candidaturas nas capitais. Amanhã. E marcar uma reunião. Imediatamente.
Pra quê? Para decidir como derrotar o genocida em cada capital do país. Como? O candidato da unidade pode ser da esquerda? Pode. Pode não ser? Também pode.
Os progressistas têm que dar este exemplo em respeito ao sofrimento das famílias largadas à própria sorte. Roosevelt, Churchill e Stálin, com visões antagônicas de mundo, se uniram para derrotar Hitler. Aqui vai prevalecer essa briguinha inútil? O que é isso?
Façam isso em nome dos brasileiros. Façam isso em nome do país. Façam isso enquanto existe democracia.
Gigantes ou pigmeus? A história vai cobrar.