Por José Carlos Asbeg, jornalista, cineasta
Frente Ampla tem que ser ampla, mas tem que ter princípios básicos.
Claro que o objetivo de todos tem que ser salvar o país da destruição acelerada que os celerados governistas estão promovendo, mas se é ampla tem que incluir generosamente e politicamente todos os personagens importantes que fizeram a história recente do Brasil. Ao dizer que quem não estiver na Frente é traidor, Ciro não reconhece diferenças, nem tenta incluir princípios mais amplos à Frente.
Veladamente, e todos entenderam a sutileza, a mensagem de Ciro foi dirigida a Lula. Chamar Lula de traidor é querer apagar da História do Brasil o personagem político mais importante da redemocratização.
Veladamente está a velha cobrança da autocrítica do PT. E quem cobra autocrítica do PT (que deve mesmo fazer) tem que fazer sua autocrítica também. FHC fez? Marina fez? Huck fez? Temmer fez? Ciro fez?
Muitos estão na Frente Ampla e no entanto ajudaram o golpe parlamentar que tirou uma presidenta que não cometeu crime algum. Todos contribuíram para eleger Bolsonaro.
E agora Ciro diz que quem não estiver na Frente é traidor. É o Bush falando: quem não estiver comigo está contra mim. É o Mourão dizendo que quem defende a democracia é um bando de delinquentes. É Ciro querendo mandar na Frente Ampla com seu inequívoco autoritarismo.