Frente dos Coletivos Carcerários do Rio Grande do Sul tem nova diretoria

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Tomou posse nesta semana a nova presidente da Frente dos Coletivos Carcerários do Rio Grande do Sul, Ana Paula Saugo. Ela substitui Lisiane Pires, que agora ocupa a função de vice-presidente.

O mandato é de dois anos. Criada em 2020, a Frente é integrada em sua quase totalidade por familiares de egressos do sistema prisional do estado que lutam pela defesa dos “interesses e direitos dos familiares, dos egressos e apenados”, além de apoiar e incentivar a realização de projetos de divulgação e esclarecimentos à população por meio de seminários, pesquisas e estudos sobre o sistema carcerário.




A experiência é única no País. Criada durante a pandemia quando os familiares não podiam visitar os egressos, a Frente possui hoje 46 coordenadorias regionais e representa cerca de 8 mil famílias em todo o estado. Foi a maneira encontrada para superar as dificuldades e entraves do sistema.

Além das visitas, a demora em receber as doses de vacinas contra a Covid-19 obrigou a Frente a se mobilizar em protestos defronte o Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, além de reuniões com dirigentes da Secretaria de Segurança Pública e da Susep. “Foi a partir desta união, da pressão coletiva, que a Frente se fortaleceu ainda mais” explica Saugo.     

Todo este trabalho obteve o reconhecimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Em despacho assinado pela desembargadora Vanderlei Teresinha Tremia Kubiak, o TJ gaúcho reconhece “a legitimidade da Frente e de suas Comissões para construir um canal de comunicação entre os representantes dos familiares presos com o Poder Judiciário e o Poder Executivo”.

Militante nos movimentos feministas e na defesa dos Direitos Humanos, a publicitária Ana Paula Saugo aderiu à luta por melhores condições no sistema carcerário após sentir na própria pele as condições sub-humanos a que os apenados são submetidos. “Fui sequestrada pelo estado em plena democracia” explica Saugo. Vítima de um erro judicial, a publicitária permaneceu detida por 9 meses sem nunca ter sido ouvida.

Em 2013, depôs pela primeira vem em audiência de instrução e sete meses depois, a pedido do próprio Ministério Público, recebeu a sentença absolutória. “Eu não conheço o sistema prisional de ouvi dizer, de literaturas ou cenas de filme. Eu vi e vivi os absurdos de um sistema cruel, violento, desumano, que a cada dia cria mais violência e ódio. Minha luta é desmistificar a falácia de que ‘bandido bom é bandido morto’. Cabe ao estado mudar essa tragédia” diz ela.

A Diretoria da Frente é composta ainda por Fernanda Silva e Cristina Nunez, na 1ª e 2ª Secretarias, respectivamente, Moisés Cravo e Márcia Matheus, 1º e 2º tesoureiros e Conselho Fiscal, Isabel Oliveira e Ana Carolina Proença.

Foto: superlotação em presídio em Porto Alegre

  

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