Por Arcírio Gouvêa Neto, jornalista
A recente tempestade de ignorância e obscurantismo que se abateu sobre esse país, como chuva de meteoros medievais, reacendeu a intolerância religiosa e o negacionismo que achávamos já estarem sepultados em pleno século 21. E toda essa discussão, envolvendo a negação da ciência, remeteu-me ao julgamento de Galileu Galilei, em 1633, um dos momentos mais sombrios da história e um bom exemplo do quanto essa intolerância obtusa é danosa à evolução da ciência. Intolerância essa antes exercida pela Igreja Católica e hoje pelos Evangélicos, na figura dos Neopentecostais.
O famoso astrônomo e físico foi considerado culpado de heresia pela Igreja Católica por defender a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico de que a Terra orbita em torno do Sol. A condenação de Galileu é um exemplo de como a ciência pode ser amordaçada quando as crenças religiosas são colocadas acima da razão e da evidência.
A Igreja Católica, na época, considerava a teoria de Galileu uma ameaça ao dogma da criação divina e, por isso, censurou suas ideias. Galileu foi obrigado a renunciar a suas crenças sob ameaça de tortura e, mais tarde, passou o resto de sua vida em prisão domiciliar.
O julgamento de Galileu mostrou o poder que as instituições religiosas exerciam sobre a sociedade na época e o preço que os cientistas tinham que pagar por se opor às doutrinas religiosas.Apesar da condenação de Galileu, a teoria heliocêntrica acabou sendo comprovada e a ciência progrediu, levando a uma melhor compreensão do universo.
Hoje, reconhecemos a coragem de Galileu em enfrentar a oposição da Igreja e defendemos a liberdade de pensamento e a independência da ciência. A condenação de Galileu é uma lembrança sombria de como a ignorância e a intolerância podem atrasar o progresso e o avanço da humanidade.
Imagem: Galileu frente ao Tribunal da Inquisição Romana, pintura de Cristiano Banti