Desde sua criação em 2009, o bitcoin evoluiu de uma inovação tecnológica desconhecida para um dos ativos mais valiosos do mundo, atingindo um valor de mercado próximo a 2 trilhões de dólares.
Por Larissa Carvalho, compartilhado de Correio Braziliense
No entanto, a criptomoeda continua a ser alvo de críticas e ceticismo, especialmente por parte de economistas renomados. Um desses críticos é Eugene Fama, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2013, que expressou recentemente suas preocupações sobre o futuro das criptomoedas.
Durante uma participação em um podcast, Fama compartilhou seu ponto de vista sobre a ascensão dos criptoativos, descrevendo-a como um fenômeno com um “fim previsível”. Ele argumenta que a transição de todo o sistema financeiro global para as redes blockchain seria “insustentável” devido ao imenso poder computacional necessário. Além disso, Fama questiona a estabilidade das criptomoedas como meio de troca, destacando sua volatilidade e falta de valor estável.
“As criptomoedas são um mistério, porque elas violam todas as regras de um meio de troca. Elas não têm um valor estável real. Elas têm um valor real altamente variável. É o tipo de meio de troca que não deveria conseguir sobreviver. Eu espero que ela estoure, mas eu não posso prever isso. Eu espero que sim, porque se não estourar, precisaremos recomeçar toda a teoria monetária”
O Bitcoin é uma bolha prestes a estourar?
Para Fama, o mercado de criptomoedas representa uma grande bolha financeira. Ele acredita que, embora não possa prever exatamente quando, essa bolha eventualmente estourará. O economista ressalta que, se o colapso não ocorrer, será necessário repensar toda a teoria monetária tradicional. Apesar de seu ceticismo, Fama admite que não possui uma previsão exata para o colapso, mas sugere que isso poderia acontecer dentro de uma década.
O argumento de Fama se baseia na ideia de que o bitcoin não pode ser considerado um “ouro digital” devido à sua falta de uso prático como reserva de valor. Ele compara o ativo a “ar”, sugerindo que, sem uma aplicação tangível, o bitcoin não passa de uma ilusão financeira. Essa visão contrasta com a de muitos investidores e instituições que veem potencial nas criptomoedas.
O papel das criptomoedas no sistema financeiro atual
Apesar das críticas, o interesse por criptomoedas continua a crescer. Grandes empresas financeiras, como BlackRock e Fidelity, já oferecem opções de investimento em bitcoin para seus clientes, destacando o potencial do ativo. Essa aceitação crescente sugere que, independentemente das previsões pessimistas, as criptomoedas estão se consolidando como uma parte significativa do mercado financeiro global.
O debate sobre o futuro das criptomoedas reflete uma divisão entre os defensores da inovação tecnológica e os defensores da teoria econômica tradicional. Enquanto alguns acreditam que as criptomoedas representam o futuro das finanças, outros, como Fama, veem nelas um risco significativo para a estabilidade econômica.
O futuro das criptomoedas: uma questão em aberto?
A questão sobre se o bitcoin e outras criptomoedas são uma bolha prestes a estourar ou uma inovação duradoura permanece em aberto. O ceticismo de economistas como Eugene Fama é um lembrete das incertezas inerentes a qualquer inovação disruptiva. No entanto, a crescente aceitação e integração das criptomoedas no sistema financeiro tradicional indicam que, pelo menos por enquanto, elas estão longe de desaparecer.
À medida que o debate continua, investidores e economistas observam atentamente o desenvolvimento do mercado de criptomoedas, buscando sinais que possam indicar seu futuro. Seja como uma bolha ou uma revolução financeira, o impacto das criptomoedas no mundo moderno é inegável e continuará a ser um tema de discussão por muitos anos.
