Em função da política de preços da Petrobras, gasolina subiu quase o triplo da inflação, que ficou em 10,79% nos últimos 12 meses, segundo IPCA-15 do mês passado
Por Tiago Pereira, compartilhado da RBA
Publicado 18/04/2022 – 16h37Marcelo Camargo/Agência BrasilApesar da alta dos combustíveis, novo presidente da Petrobras já sinalizou que deve manter preços dolarizados
São Paulo – O preço médio da gasolina nos postos do Brasil fechou a primeira metade de abril em R$ 7,498 o litro. Trata-se do maior valor já registrado, de acordo com a ValeCard, especializada em soluções de gestão de frotas. Entre 1º e 13 de abril, o aumento foi de 2,9%, em comparação com março, quando o preço médio da gasolina ficou em 7,288 o litro. Desde janeiro de 2019, a empresa vem monitorando preços em mais de 25 mil postos em todo o país.
De acordo com informações do jornal Folha de S.Paul desta segunda-feira (18) a alta da gasolina nos últimos 12 meses, foi de 30,7%. Em abril de 2021, o combustível custava em média R$ 5,737.
Ainda não há dados oficiais para a inflação de abril. No entanto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do mês passado registrou alta acumulada de 10,79% em 12 meses. Portanto, a alta da gasolina tende a ser quase o triplo do aumento geral dos preços no período.
Apenas a Bahia registrou queda no valor da gasolina na primeira quinzena de abril (-2%). Entre os estados que registraram as maiores altas estão Piauí (5%), Paraná (4%) e Pernambuco (3,9%). Já o litro do álcool chegou a R$ 5,076, com alta de 4,61% no mesmo período. Nesse sentido, para os motoristas com carros flex, somente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás é mais vantajoso o álcool, em vez da gasolina.
Entre as capitais, Teresina (R$ 8,245), Aracajú (R$ 7,760) e Rio de Janeiro (R$ 7,758), registraram as maiores médias no preço da gasolina. Por outro lado, os menores valores foram encontrados em Porto Alegre (R$ 6,740), Cuiabá (R$ 6,939) e Florianópolis (R$ 6,966).
PPI
A explosão do preço da gasolina é resultado da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que vem sendo pratica pela Petrobras desde 2016. Foi uma das primeiras medidas tomadas pelo governo golpista de Michel Temer e vem sendo mantida por Jair Bolsonaro.
A partir dessa política, a estatal reajusta os preços dos combustíveis no país de acordo com a variação do preço do petróleo no mercado internacional, que é estipulado em dólar. O PPI vem garantindo lucros extraordinários aos acionistas da estatal, bem como aos importadores de combustíveis, que já são quase 400 operando no Brasil.
O preço do petróleo no mercado internacional registrou forte alta no início deste ano, como consequência da Guerra na Ucrânia. O barril de petróleo tipo brent chegou a ser negociado a US$ 139,13 no início do mês passado. Assim, no mês passado, a Petrobras anunciou aumento de 18,8% no preço da gasolina.
Entre o final de março e início de abril, no entanto, houve forte redução do preço do petróleo, com o barril cotado a menos de USS$ 100. A Petrobras, contudo, não repassou essa queda ao mercado interno. Na última semana, por outro lado, os preços voltaram a subir. Nesta segunda (18), o barril tipo brent está cotado em cerca de US$ 113. Da mesma maneira, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, já sinalizou que deve manter o PPI.