Gasolina brasileira é a 2ª mais cara entre maiores produtores globais, segundo a Global Petrol Prices

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Na comparação global, preço da gasolina está 15% acima da média praticada em 170 países. Mesmo o País sendo autossuficiente na produção de petróleo e tendo parque nacional de refino. Levantamento foi feito pela consultoria Global Petrol Prices

Por Marcos Verlaine, compartilhado do site CONTEE




 Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Segundo o levantamento publicado no portal da FUP (Federação Única dos Petroleiros), vinculada à CUT, o Brasil é o 9º colocado no ranking dos 15 principais produtores de petróleo do mundo e o 2º entre os que registram os maiores preços de gasolina — perde só para Noruega, país cuja renda média mensal dos trabalhadores é mais de 10 vezes superior à dos brasileiros.

Dados mais recentes do sítio Global Petrol Prices revelam que o Brasil ocupa posições bem distintas nas listas dos preços mais baratos e dos preços mais altos entre 170 nações pesquisadas.

No grupo dos países com a gasolina mais cara no mundo, o Brasil ocupa a 53ª colocação, enquanto está na 118ª posição entre as gasolinas mais baratas. Na comparação global, o preço da gasolina brasileira está 15% acima da média.

Países produtores costumam ter preços mais baixos

A consultoria informa que países mais pobres, produtores de petróleo e exportadores costumam ter preços consideravelmente mais baixos, enquanto países mais ricos adotam preços mais altos.

Na Europa, alguns países produtores, como a Noruega, adotam políticas de tributação elevada para combustíveis fósseis para desestimular o consumo ou formar uma reserva de recursos públicos.

Segundo o sítio Trading Economics, para o brasileiro encher tanque de 50 litros com gasolina, gastará R$ 358, ou US$ 76,50. É o equivalente a 14,26% da atual renda média mensal dos trabalhadores do País, esmagada pela inflação de 2 dígitos e pelo desemprego e informalização do trabalho.

Na Noruega, o único entre os 15 maiores produtores de petróleo mundiais com a gasolina mais cara que a brasileira, a renda média mensal do trabalhador é de US$ 5.728, ou mais que 10 vezes a dos brasileiros. Mesmo pagando US$ 121 por 50 litros de gasolina, norueguês compromete 2,11% da renda mensal.

Estados Unidos

No maior produtor de petróleo do mundo, os Estados Unidos, paga-se menos de US$ 1,20 pelo litro da gasolina e a renda mensal média é de US$ 3.523. Os mesmos 50 litros de gasolina têm custo médio nacional de US$ 59,5, ou menos de 1,7% da renda média.

O preço na bomba, no Brasil, está próximo ao de outras grandes economias emergentes, como a China, 13º maior produtor de petróleo, e a Índia: ao redor dos R$ 7 por litro. Quando o levantamento foi concluído, no último dia 11, o valor médio do litro do combustível calculado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) era R$ 7,192, enquanto a média mundial estava em R$ 6,29.

Informações coletadas entre 1º e 13 de abril pela ValeCard, no entanto, revelam que o preço médio nacional da gasolina fechou a primeira quinzena de abril em R$ 7,498. É o maior já registrado desde janeiro de 2019, quando a empresa passou a monitorar preços em mais de 25 mil postos em todo o País.

Em comparação com março, quando a Petrobrás aplicou mega reajuste e a média nacional passou para R$ 7,288, o valor subiu 2,9%. Em 12 meses, a gasolina já acumula alta de 30,7%.

Carestia é causada pelo PPI

Mesmo com os preços em patamar histórico, a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) mantém pressão sobre a Petrobrás.

“Apesar da ligeira redução do câmbio e dos preços de referência da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional, as defasagens mantiveram-se afastadas da paridade, inviabilizando as operações de importação”, escreve a entidade em nota divulgada na última terça-feira (19).

A estimativa da Abicom é de defasagem média dos preços internos em 14% para o óleo diesel e 6% para a gasolina. Nos portos usados como parâmetro (Santos e Araucária), a defasagem do diesel é de 16% e da gasolina, de 8%. No porto de Aratu (BA), onde fica a Refinaria de Mataripe, privatizada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a defasagem é de 8% no diesel e 4% na gasolina, pois a empresa aplica reajustes quase semanais aos preços.

Nos cálculos, a Abicom considera a cotação internacional do petróleo, os custos do frete marítimo e o câmbio. Parâmetros da PPI (Política de Preços Internacionais) da Petrobrás, adotada em outubro de 2016 por Pedro Parente, o ministro do “apagão” de 2001, que o então interino Michel Temer nomeou para a presidência da Petrobrás apenas uma semana após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT).

Altos preços dos combustíveis

À dolarização dos preços dos combustíveis se somou o desmonte da Petrobrás, cujas gestões vêm desde 2016 fatiando as subsidiárias e as entregando em pregões nas bolsas de São Paulo e Nova Iorque.

Ao mesmo tempo, a gestão bolsonarista da empresa “reposicionou” os planos de expansão do parque de refinarias, paralisando obras e reduzindo a capacidade de refino das já existentes, para privatizá-las.

A expansão travada e a desmobilização do parque de refinarias da Petrobrás levaram o País a ter que importar 20% da demanda por derivados de petróleo. A maior parte vem da região do Golfo do México, que concentra grande parte da capacidade de refino dos Estados Unidos.

E o trabalhador brasileiro que pague a conta.

Veja o preço da gasolina entre os 15 maiores produtores de petróleo do planeta:

  1. Estados Unidos – US$ 1,19 (62º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  2. Arábia Saudita – US$ 0,62 (20º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  3. Rússia – US$ 0,62 (22º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  4. Canadá – US$ 1,49 (111º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  5. Iraque – US$ 0,51 (12º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  6. China – US$ 1,47 (107º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  7. Emirados Árabes Unidos – US$ 0,99 (38º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  8. Irã – US$ 0,05 (3º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  9. Brasil – US$ 1,53 (118º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  10. Kuwait – US$ 0,34 (6º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  11. Noruega – US$ 2,42 (167º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  12. México – US$ 1,17 (61º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  13. Cazaquistão – US$ 0,46 (10º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  14. Catar – US$ 0,58 (17º valor mais barato no Global Petrol Prices)
  15. Nigéria – US$ 0,41 (8º valor mais barato no Global Petrol Prices)

Marcos Verlaine

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