Gay Talese: um dos grandes repórteres do mundo

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Publicado em Estante Blog –

Conheça 6 livros do mestre da reportagem publicados no Brasil.

Perfeccionista, detalhista e fã de uma boa história. Gay Talese é um dos maiores jornalistas americanos vivos, capaz de fazer uma reportagem perfeita sem ao menos encontrar seu entrevistado, vide o perfil: “Frank Sinatra está resfriado” – publicado em 1966 na revista Esquire. Este perfil foi considerado uma das melhores reportagens já feitas, mesmo Talese não conseguindo entrevistar Sinatra, e depois incluído no livro Fama e anonimato.

Na década de 1950, o repórter contribuiu para a criação de um novo estilo – New journalism -, que mescla técnicas jornalísticas com a escrita literária. Ele trabalhou para o The New York Times e tornou-se colaborador de diversas revistas. Aos 85 anos, tem dez livros publicados, com destaque para A mulher do próximo (1981), no qual o escritor mergulhou por anos no universo da revolução sexual dos anos 1960, Honra teu pai (1971), que traz a intimidade da máfia italiana, e a crônica esportiva O silêncio do herói, uma obra sob a perspectiva do ídolo derrotado.




Em entrevista ao El País, quando foi perguntado se algum dia tentou escrever ficção, Talese conta que uma vez escreveu um conto chamado “A vingança”, mas não quis escrever outros: “Escrever reportagens me parece algo muito mais interessante do que ficar inventando histórias”, disse. Seu último livro, O voyeur, publicado em 2016, ficou no centro de uma polêmica. Além do próprio tema ser bastante perturbador – um dono de motel, que construiu uma estrutura para espiar seus hóspedes – o autor desistiu de promover a obra após encontrar uma falha na história. Apesar de ter verificado boa parte das declarações de Gerald Foos, o proprietário do Motel no Colorado, Talese deixou passar uma informação: o prédio foi vendido em 1980, e só foi recomprado em 1988. No entanto, o livro descreve cenas que o proprietário afirma ter visto durante o período em que estava afastado do negócio. Verdade ou não, a obra já ganhou previsão para chegar às telas do cinema. Steven Spielberg aliou-se ao diretor Sam Mendes, de “Beleza Americana” para, juntos, produzirem a película. Conheça as obras do autor!


A mulher do próximo, de Gay Talese

Como se fosse um romance, este livro se abre com uma cena de masturbação masculina descrita em detalhes, narra diversos episódios de adultério e sexualidade aberta e termina com o autor nu, numa praia fluvial, desafiando o olhar guloso de voyeurs. Mas nada é ficção. Os nomes das pessoas são reais e as cenas e eventos narrados aconteceram realmente. Chocante ao ser lançado em 1980, A mulher do próximo é hoje um clássico da história da sexualidade.

A MULHER DO PRÓXIMO
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O reino e o poder, de Gay Talese

The New York Times, o jornal mais influente do mundo, durante boa parte do século XX exerceu efetivamente o “quarto poder” nos Estados Unidos. Como acontece em toda grande instituição, o interior da empresa abrigou lutas e batalhas pelo poder, numa guerra traduzida em conflitos de personalidade, manipulações, choques de interesses, alianças táticas, vitórias exultantes e decepções profundas. O autor descreve as mudanças que o jornal sofreu ao longo de mais de um século de existência, identifica suas contradições, analisa a atuação de suas figuras-chave, destaca suas relações (às vezes incestuosas) com o poder político e também reconstitui reportagens de impacto.

O REINO E O PODER
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Fama & anonimato, de Gay Talese

No início dos anos 60, o repórter saiu pela ruas de Nova York e descobriu uma segunda Estátua da Liberdade, cuja única função seria confundir os desavisados. Constatou também que os nova-iorquinos piscavam em média 28 vezes por segundo; que sob chuva o movimento do comércio caía de 15% a 20%, mas menos gente se matava nesses dias; que um mergulhador ganhava a vida recuperando objetos perdidos no fundo da baía de Nova York; e que as faxineiras do Empire State encontravam mais ou menos 5 mil dólares por ano nas 3 mil salas do edifício.
Fama & anonimato está repleto de informações assim: aparentemente inúteis, mas que, nas mãos de um escritor de primeira categoria, imprimem a textura real da cidade e o rosto de seus habitantes. Foi esse espírito de observação que levou Gay Talese a escrever um perfil considerado exemplar pela leveza e audácia com que foi feito: “Frank Sinatra está resfriado”. O texto, incluído na terceira parte do livro, faz um retrato certeiro do cantor, sem que tenha conseguido entrevistá-lo.

Fama e Anonimato
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Vida de escritor, de Gay Talese

Esta obra não é uma autobiografia convencional. É um livro sobre o ofício da escrita e os reveses que acometem os que por ele se aventuram. Entre as agruras para encontrar uma boa história é que Talese nos deixa divisar sua vida e, especialmente, sua carreira. Ele demonstra como o fracasso é inerente à profissão. Ao construir Vida de escritor em torno de personagens anônimos ou menores, o autor na prática se solidariza com eles. E dá uma lição que só a experiência e a sabedoria propiciam: mesmo na autobiografia de um jornalista, o que importa são os outros.

12295 - Vida de escritor
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Honra teu pai, de Gay Talese

Poucas mitologias de nosso tempo causam tanto fascínio quanto a máfia, e não por acaso esse universo já rendeu obras-primas como “O Poderoso Chefão”, “Os Bons Companheiros” e, mais recentemente, a série de tevê “Família Soprano”. Lançado em 1971, Honra teu pai (publicado originalmente no Brasil como Honrados mafiosos) é um livro-reportagem sobre os meandros desse mundo, centrado na história de Joseph “Joe Bananas” Bonanno, que controlava uma das chamadas Cinco Famílias de Nova York, e de seu filho Salvatore “Bill” Bonanno, protagonista de uma sangrenta guerra entre mafiosos.

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O voyeur, de Gay Talese

Em 1980, o jornalista recebeu uma carta inusitada, em que um homem afirmava que havia comprado um motel no Colorado e construído uma estrutura no sótão para que pudesse espiar os quartos sem que fosse visto pelos hóspedes, com a ajuda de sua mulher. O voyeur afirmava que havia feito isso pelos últimos quinze anos e documentado o que via em um diário. Ele convidava o escritor a visitá-lo para uma conversa e para conhecer suas “instalações”. Intrigado, Talese investiga os diários do proprietário, um complexo registro de suas obsessões e das transformações da sociedade americana, mas só após trinta e cinco anos o jornalista pode divulgar a história.

O voyeur, de Gay Talese
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