General comete suicídio no Chile antes de ser preso pelo sequestro e assassinato de Víctor Jara

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General Hernán Chacón, condenado por assassinato durante a ditadura de Pinochet, toma medida drástica aos 85 anos

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Victor Jara
Victor Jara (Foto: REUTERS/HO/Victor Jara Foundation /Landov)

247 — O Chile foi palco de uma reviravolta surpreendente na saga de justiça relacionada ao assassinato do icônico cantor e compositor Víctor Jara, ocorrido há meio século durante a ditadura de Augusto Pinochet. O general reformado Hernán Chacón, condenado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal juntamente com outros ex-militares, optou por tirar sua própria vida aos 85 anos, poucas horas antes de ser preso pelas autoridades chilenas. O trágico desfecho ocorreu nesta terça-feira. De acordo com informações do Ministério Público chileno, Hernán Chacón optou por uma solução drástica quando a polícia se aproximou para cumprir a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal. O promotor Claudio Suazo relatou à imprensa que Chacón “pegou uma arma de fogo e atirou contra si mesmo”, encerrando assim uma vida marcada por controvérsia e crimes contra a humanidade.

A condenação do general de brigada e seus colegas ex-militares ocorreu apenas um dia antes de sua morte. O Supremo Tribunal Federal sentenciou-os a penas de até 25 anos de prisão pelo sequestro e assassinato de Víctor Jara, ocorrido pouco após o início da ditadura de Pinochet, em 11 de setembro de 1973. Segundo a decisão transitada em julgado, Chacón teve participação ativa na seleção e interrogatório dos 5 mil prisioneiros que foram transferidos para o Estádio-Chile após o sangrento golpe contra o presidente socialista Salvador Allende.

Víctor Jara, figura emblemática da música chilena e filiado ao Partido Comunista, foi preso enquanto trabalhava como professor na Universidade Técnica do Estado e levado ao estádio onde sofreu tortura por vários dias. Seu trágico fim ocorreu quando ele, aos 40 anos, foi atingido por 44 balas. Suas canções, como “Te recuerdo, Amanda”, “El derecho de vivir en paz” e “Manifiesto”, tornaram-se hinos de resistência durante a ditadura. No mesmo caso, os juízes condenaram os sete ex-militares também pelo assassinato e sequestro do ex-diretor penitenciário Littré Quiroga. O corpo de Quiroga, também com sinais de tortura, foi encontrado ao lado do de Víctor Jara em um terreno próximo a uma ferrovia, nos arredores de Santiago.

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