O dado de que uma pessoa negra é morta a cada 12 minutos no Brasil, divulgado pelo Atlas da Violência, revela uma realidade alarmante e urgente sobre a desigualdade racial e a violência no país.
Por Luis Paulo Lima e Marcos Gomes, da diretoria de Igualdade Étnico-Racial da ABI, compartilhado do Portal da ABI
De 2012 a 2022 a pesquisa revela a cruel marca de 445.442 pessoas negras assassinadas número que evidencia o impacto desproporcional da violência letal sobre a população negra e refletindo um histórico de discriminação, marginalização e falta de políticas públicas eficazes para proteger essa parcela da população.
O Atlas da Violência destaca a necessidade de medidas imediatas para combater o racismo estrutural e promover a igualdade racial, visando garantir a segurança e a dignidade das pessoas negras no Brasil. A análise anual é feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde.
Esse cenário exige um esforço conjunto de governo, sociedade civil e instituições para implementar políticas de segurança pública inclusivas, combater a discriminação racial e promover a justiça social. A divulgação desses dados também deve servir como um chamado à ação para enfrentar as raízes profundas da violência e desigualdade racial no país.
Prioridade da Diretoria de Igualdade Étnico-Racial da ABI
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), pela sua Diretoria de Igualdade Étnico-Racial, centraliza seus esforços na luta contra o genocídio da população negra no Brasil, por intermédio de um acordo a ser firmado com o Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense, para a implantação de um curso de sensibilização contra esse genocídio destinado a jornalistas, pesquisadores, professores, estudantes de comunicação, entre outros profissionais interessados no assunto. É crucial que a ABI utilize sua influência para conscientizar, promover debates públicos, e pressionar por políticas que protejam e valorizem a vida da população negra, combatendo o racismo estrutural e sistêmico de forma eficaz e duradoura.
Existem também outras ações que poderão ser implementadas por intermédio da parceria entre a ABI e demais instituições de ensino, desde que haja financiamento para esse custeio, tais como:
1. Fomento a cobertura jornalística: A ABI pode incentivar a cobertura ampla e profunda dos casos de violência contra a população negra, destacando histórias individuais e os impactos sociais dessa violência. Isso pode ser feito através de capacitação com workshops e treinamentos para jornalistas sobre como abordar temas de racismo e violência racial de maneira sensível e informativa.
2. Promoção de debate: Organizar seminários, debates e conferências sobre racismo, violência e direitos humanos, trazendo especialistas, ativistas e membros da comunidade para discutir soluções e estratégias.
3. Relatórios: Desenvolver mecanismos de monitoramento da cobertura da violência contra a população negra na mídia, publicando relatórios periódicos que avaliem a quantidade e qualidade dessa cobertura, e propondo melhorias.
4. Apoio a Jornalistas Negros: Incentivar a diversidade nas redações e apoiar a carreira de jornalistas negros, garantindo que suas vozes e perspectivas sejam representadas na mídia.
A mesma pesquisa evidencia que o Nordeste foi a região com o maior número de crimes contra pessoas negras, principalmente as mulheres, que segundo as informações do levantamento, possuem pelo menos duas vezes mais chances de serem mortas, que as mulheres não negras.
É inaceitável que o País continue convivendo com taxas de homicídio tão altas. Municípios, Estados e a União precisam intensificar as ações que possam permitir a redução drástica dos números alarmantes do genocídio contra a população negra no Brasil.