A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) tem feito apelos diários em prol de uma “grande campanha para defender a Palestina”
Por Renato Santana, compartilhado de Jornal GGN
A internacionalização de um conflito ou uma guerra, no século XXI, não depende apenas de um país tomar um lado, como fazem os Estados Unidos com Israel, em ofensiva contra a Palestina, enviando armas pesadas e ajuda diplomática. Nas redes sociais, países pelo mundo se veem envolvidos no conflito através da disputa de suas populações conectadas por narrativas e notícias falsas notadamente contra os palestinos.
Força auxiliar para qualquer ação de guerra, aniquilar a verdade dos fatos ajuda a fazer com que a opinião pública internacional aceite, por exemplo, a evacuação forçada de um povo sitiado em seu lugar de reprodução física e social por um exército invasor.
Diante deste quadro, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, tem feito apelos diários em prol de uma “grande campanha para defender a Palestina”. Em sua opinião, os palestinos são vítimas de um “genocídio midiático” promovido por uma máquina de guerra comandada pelo governo israelense.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem convivendo com a intensa pressão de grandes jornais e seus colunistas, que exigem do mandatário brasileiro um comportamento enfático, típico das redes sociais, com pronunciamentos fortes, taxando de forma homogênea os palestinos como terroristas – mesmo que Lula tenha condenado o ataque do Hamas e buscado ser um mediador pela paz na região do Oriente Médio.
Jornalistas da grande mídia corporativa chegam a reproduzir notícias falsas contra a Palestina, caso da “informação” de crianças israelenses enjauladas ou decapitadas, e sequer publicam retratações quando a falácia é comprovada.
Genocídio midiático
“Essa guerra acontece em todo o mundo por meio da propaganda. Não há equilíbrio informacional, não há equilíbrio de verdade, grandes veículos de comunicação estão promovendo linchamento midiático, um genocídio midiático, que visa permitir e legitimar que Israel esteja livre para exterminar o povo palestino, algo que vem fazendo há 76 anos”, diz Rabah.
Para ele, não só os palestinos e seus descendentes, ou os árabes e seus descendentes, “mas homens e mulheres de boa vontade, justos, peço que nos ajudem a combater a desinformação, que só tem contribuído para promover mais cadáveres e escombros”, apela.
Rabah acredita que esse tipo de tática aumenta o ódio do mundo contra os palestinos a partir de falsa assimetria entre os ataques do Hamas e a reação de Israel.
A Fepal, fundada em 1979, é a entidade que representa a diáspora palestina no Brasil, constituída por cerca de 60.000 imigrantes e refugiados e seus descendentes.
Afiliada à Confederação Palestina da América Latina e do Caribe (COPLAC) e reconhecendo a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como única e legítima representante do povo palestino, atua na defesa dos interesses das comunidades de origem palestina que vivem no Brasil, representando-as em espaços políticos e sociais.
Israel precisa de controle
Os Estados Unidos “devem controlar Israel” se quiserem evitar uma guerra regional, disse nesta sexta-feira (23) o ministro iraniano de Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, durante uma visita ao Líbano.
Por sua vez, o movimento xiita libanês Hezbollah, que é apoiado por Teerã, afirmou que está “totalmente preparado” para se unir ao Hamas no conflito contra Israel no momento propício. Também nesta sexta, Israel bombardeou o sul do Líbano como resposta a uma “tentativa de invasão” do Estado Judeu pelo norte, de acordo com autoridades em Jerusalém.
A Organização das Nações Unidas (ONU), durante toda a semana, se posicionou contra a reação desproporcional de Israel ao ataque terrorista do Hamas. Desde o primeiro semestre deste ano, o secretário-geral da ONU António Guterres faz críticas à ocupação militar de Israel nos territórios palestinos e aos planos de expansão das colônias.
O editorial do principal jornal israelense, o Haaretz, desta segunda-feira (9) não poupou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o responsabiliza pelo “desastre que se abateu sobre Israel no feriado de Simchat Torá”, quando o Hamas coordenou uma série de ataques a Israel.
Para o Haaretz, o primeiro-ministro – “que se orgulha da sua vasta experiência política e da sua sabedoria insubstituível em questões de segurança” – falhou completamente na identificação dos perigos para os quais conduzia conscientemente Israel ao estabelecer um governo de anexação e expropriação.