Testemunhei, um dia depois da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ser agredida por alguns daqueles seres repugnantes que infestam o Congresso Nacional, o seguinte diálogo, em um centro comercial do Rio, entre uma jovem comerciária e um casal de idosos:
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Funcionária da loja: ” E essa Marina, que coisa, hein?”
Freguês idoso: ” A Marina é horrorosa.”
Pensei em dar uma parada e responder, como faço às vezes, mas poupei a minha saúde mental e segui em frente.
Não que o episódio deplorável de misoginia do qual a ministra foi vítima revele alguma novidade em relação à onda reacionária que varre a sociedade brasileira já há mais de uma década.
No entanto, não deixa de ser chocante assistir in loco a manifestações de apoio de pessoas pobres às barbaridades protagonizadas pela extrema-direita.
E, com toda certeza, essa trabalhadora formou sua opinião através das redes sociais dos fascistas, uma vez que, de tão abjetas, as ofensas foram condenadas até mesmo pelas emissoras do Grupo Globo.
Entra em cena, então, a eterna discussão sobre a debilidade das forças progressistas nas redes, realidade amplamente diagnosticada, debatida, mas a anos luz de ser revertida.
Voltando à armadilha montada no Senado contra a ministra Marina, se tivermos um futuro mais luminoso, pesquisadores terão à sua disposição um rico objeto de estudo: como em uma determinada quadra da nossa história o Congresso Nacional contou com tanta gente baixa, com sério desvio de caráter e sem a menor condição moral de exercer um mandato parlamentar com um mínimo de civilidade.