De figurino ímpar, com tons azulados e o preto brilhoso caindo-lhe bem, Fernando Haddad enfrentou com galhardia seus inquisidores (nem todos…) da bancada do Roda Viva.
Por Virgilio Almansur, compartilhado de Construir Resistência
Foi apresentado como perdedor: não se reelegeu prefeito da capital paulistana e perdeu do miliciano-mor. Era a tônica da âncora que todos sabemos leviana e reacionária.
No entanto, sua performance brilhou mais que a indumentária que portava, numa facilidade propositiva sem máculas. Pensou pra frente!
Nunca saberemos se os bastidores são compostos. O professor estava ali pela sexta vez. Na intimidade nunca se sabe de possíveis arranjos com vistas ao espaço e tempo para arroubos de uma campanha.
Mas o que se viu foram as constantes cascas de banana lançadas à espera de um escorregão que não veio.
Veio sim censura! Ao ser indagado acerca de seu livro “O terceiro excluído”, pequena tese antropo-socio-biológica com evidentes articulações no campo da Dialética, seu interlocutor lhe premiava com a possível exposição de um componente acadêmico que mostraria o que perdemos em 18.
A “dona do programa” impediu sua digressão alegando despropósito. Uma bela amostragem do que nos espera quando temos alguém muito acima da média dos políticos vulgares que devem responder programaticamente e jamais revelar seus pendores.
Haddad comportou-se tão sereno, que desconcertou parte de seus entrevistadores sem deixar uma pergunta sequer sem resposta, colocando-se com altivez e apontando para o que pretende numa possível ida ao Bandeirantes.
Virgilio Almansur é médico, advogado e escritor