Por Denise Assis, colunista do Cafezinho –
Acendam o pisca-alerta! Todos nós acompanhamos as defesas desabridas do senhor Gilmar Mendes, enquanto ministro do STF, contra o fim do financiamento de campanhas políticas por empresas.
Atropelado o processo democrático que instalou em Brasília um governo ilegítimo, fraco, com índices de aprovação na casa de um dígito, e à frente de uma economia que jogou o país em um nível de recessão só comparável ao ano de 1948, quando se iniciou a medição do Produto Interno Bruto (PIB), ele, o mesmo Gilmar, na qualidade de presidente do TSE, vem a público alardear a necessidade de mudanças na Lei Eleitoral, abrindo as porteiras para “vaquinhas”. Ou, como prefere, crowdfunding. Aquele sistema, que nas eleições municipais permitiu a multiplicação de “laranjas”, como doadores.
Para Gilmar, será impossível organizar as eleições (e obviamente ele está falando da majoritária, é claro), apenas com doações de pessoas físicas. E, caso não se alarguem as margens dessa exigência, lança dúvidas sobre a realização do pleito. Alguém tinha dúvidas de que em algum momento um “mágico” do time deles viria posar de arauto de uma ditadura que vem se desenhando desde abril de 2016? Alguém acreditou que, com Lula na casa do índice de 40% de preferência nas pesquisas, a turma deles iria permitir que a eleição transcorresse com tranquilidade? Apertem os cintos.
Preparem-se para intensas emoções em três Ds. Este é só o primeiro aceno do que pode vir para o cenário de 2018. Claro que a insistência da economia em contrariar os analistas de plantão, na verdadeira “teledramaturgia” em que se transformaram os tele noticiários de cada noite, e a retração econômica de 3,6%, segundo dados do IBGE, tem muito a ver com isto.
Os números, ainda que torturados, não vão se adequar às contas de que precisa Michel. As reformas já não descem goela abaixo dos deputados do baixo clero, que agora vislumbram perder votos com as suas bases locais, acompanhando as diabruras do governo contra os trabalhadores. O quadro já não é tão cor de rosa na capital, como quando surrupiaram o poder a bordo do apoio compacto dos hiper conglomerados de mídia. Já há os que vacilam entre acompanhar um governo fragilizado e os apelos dos seus eleitores, que não querem ver surrupiados direitos conquistados.
Gilmar Mendes emitiu um sinal perigoso. Ou reforma-se a Lei Eleitoral, ou não vai haver eleição em 2018. Quem tem juízo e memória que guarde dentro de si a interrogação: haverá 2018? Temo que não. Preparem-se.