Compartilhado de Jornal GGN –
Em uma hora de conversa, jurista fala sobre a ilegitimidade do processo eleitoral que levou Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o papel de Sérgio Moro na história recente e a atuação do Supremo na defesa dos direitos populares
Jornal GGN – A jurista Gisele Guimarães Cittadino fala ao Cai na Roda deste sábado, 7 de novembro, exibido na TV GGN, sobre o desmonte da democracia incitado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “A consequência da vitória desse governo não diferente do que se imaginava, um governo sem compromissos com o direito, com a cidadania, com a soberania nacional, com as nossas riquezas e nossos diversos patrimônios”, diz.
“Podemos caracterizar este como um governo de destruição, um governo que vem para destruir, para desfazer tudo aquilo que os recentes governo haviam elaborado em termos de politica pública. E, além desses desmontes das politicas públicas, nós temos uma absoluta ineficácia desse governo naquilo que desrespeita as suas próprias propostas”, analisa Cittadino.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-Rio e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD, Cittadino inicia a conversa com as mulheres da redação GGN expondo a ilegitimidade do processo eleitoral que levou Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
“Não podemos enquadrar a vitória de Bolsonaro como um processo eleitoral regular, pela simples razão de que a sua vitória não foi legitima, no sentindo de que ele tinha uma proposição que obteve mais votos do que as proposições dos adversários”, diz. “Nesse processo eleitoral houve uma decisiva intervenção do poder judiciário (…) que retirou da disputa, através de um processo completamente ilegal, ilegitimo, irregular, em desconformidade com aquilo que a legislação determina, o maior líder politico do Brasil que teria condições de enfrentar Jair Bolsonaro, a Rede Globo e uma cultura de criminalização da política”, dispara.
Ao longo da conversa, a jurista também caracteriza o papel decisivo de Sérgio Moro na história recente. “Esse país tem uma tradição de endeusar determinadas pessoas que se apresentam como pessoas que vão derrotar a corrupção e prender os corruptos, isso é assim desde o inicio da República, quando o tema da corrupção aparece de uma forma mais evidente”, pontua.
Para ela o poder judiciário em parceria com a grande mídia empoderou o então juiz Sérgio Moro com o papel de herói, “um herói cujo os pés eram de barro e ruiu”, que “não consegue se sustentar sem aquilo que originalmente te da sustento, como a Operação Lava Jato e a Rede Globo, além do cargo de ministro da Justiça”.
Cittadino ainda fala sobre o silenciamento das intuições diante do atual governo. Segundo ela, esses mecanismos “estão inteiramente tomados, seja o judiciário ou o Congresso Nacional, por pessoas que pensam da mesma forma que Paulo Guedes, o ministro da Economia que conduz a política de Bolsonaro, ou seja, pessoas que não tem nenhum compromisso com as camada populares e com a soberania popular”, explica.
O papel do Supremo Tribunal Federal
Ao falar sobre a junção do Direito e a Política, Cittadino expressa o papel da Suprema Corte brasileira na garantia dos direitos das minorias, ao ser questionada sobre as atitudes do STF, ao agir para preencher as lacuna deixadas pelo Congresso, que se omite diante da maioria com aquisição de poder.
“Se as coisas funcionassem exclusivamente pela lógica da maioria, teríamos a ‘tirania da maioria’ e o que aconteceria com as minorias? Aí, seja em quantidade ou porque são desemparadas, como o caso de nós mulheres, que somos maioria numérica no Brasil, mas minoritárias em termos de poder, porque vivemos em uma sociedade profundamente patriarcal, machista e misógina”, exemplifica.
“As mulheres em uma ‘tirania da maioria’ estariam completamente lateralizadas, os negros estariam absolutamente abandonados, os homossexuais mais ainda, os índios nem se fala. Nesse modelo, essas minorias ficariam em uma democracia inteiramente abandonados. De forma alguma, a Suprema Corte tem um papel absolutamente decisivo naquilo que a gente conhece como o papel contramajoritário. É a função dessa gente garantir a Constituição, é função dessa gente proteger as minorias porque eles atuam contramajoritariamente”, completa a entrevistada.
Participaram desta edição as jornalistas Lourdes Nassif, Cíntia Alves e Tatiane Correa. Assista.
TODO SÁBADO, EPISÓDIO NOVO NO ‘CAI NA RODA’
O CAI NA RODA é um programa semanal de entrevistas realizado pelas jornalistas do GGN, com o intuito de dar voz e vez a outras mulheres de diversas áreas de conhecimento. Todos os sábados, às 20h, tem episódio novo. Já recebemos aqui Manuela d’Ávila, Hildegard Angel, Ana Estela Haddad, Gleisi Hoffmann, Esther Solano, Letícia Sallorenzo, Laerte Coutinho, Tata Amaral, Cilene Victor, Eliara Santana, Paula Nunes, Valeska Teixeira Zanin, Maria Lygia Quartim, Maria Cristina Kupfer e Val Gomes.
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