Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
“Te perdôo por te trair” (Chico Buarque)
Já virou piada o “perdão” proposto pelo colunista de “O Globo”, Ascânio Seleme, ao Partido dos Trabalhadores. Só poderia virar piada, mesmo, e de mau gosto. A rede de Globo de intrigas, que armou poucas e boas para o PT, agora vem, via um colunista, falar em perdoar?
Lembrei de tantas coisas com este “perdão”…
Recordei das centenas, ou milhares?, de reportagens armadas desde a fundação do partido, nos governos Lula e Dilma, nas armações do Mensalão, do Triplex, do sítio de Atibaia…
Minha memória foi até 89, quando a Globo armou contra o PT uma edição safada do já célebre e lastimável debate entre os candidatos Lula e Collor.
E estão falando em perdoar? Perdoar o quê?
O cinismo é tamanho que qualquer dia destes veremos Moro perdoando Lula.
Os assassinos de Marielle perdoarão a família da vereadora.
É como se o capitão do mato e seu senhor perdoassem o escravo.
Como aqueles que crucificaram Jesus o perdoassem.
Como se os governantes da época da Inconfidência Mineira perdoassem Tiradentes.
Como se Suzane Richthofen perdoasse seus pais e os Nardoni perdoassem a menina Isabella.
Para pegar mais leve, fiquemos com Chico Buarque com a música “Mil Perdões”, “te perdôo por te trair”. Sim, traição, pois muita gente do PT acreditou na Globo (ainda tem quem acredite?) e se sentiu traído.
Outra música, “Atire a Primeira Pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, fala que “perdão foi feito pra a gente pedir”. No entanto, a vítima pedir perdão? Só na Globo a gente vê.