Lendo resenhas sobre a entrevista do vice do Bolsonaro, General Mourão, Globonews, só nos veio à mente a palavra abaixo para resumir o que se transformaram, ou sempre foram e escamotearam, jornalistas como a maioria da Globo. Na entrevista, dois jornalistas que sofreram na pele as atrocidades da ditadura militar, Miriam Leitão e Fernando Gabeira.
Pusilânime: Característica de algo ou alguém que demonstra pusilanimidade; que possui vulnerabilidade moral ou revela covardia; que deixa transparecer que é destituído de coragem; que revela ou contém covardia: fraco, covarde.
Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook
A entrevista do vice de Bolsonaro, general Mourão, na Globonews deve entrar como matéria obrigatória em escolas de jornalismo na disciplina ‘Como um profissional não deve proceder”.
Não se trata aqui só da comparação com o pau-de-arara a que foi submetido Haddad na véspera. Mas de uma vassalagem inacreditável. Até o tom de voz dos perguntadores era baixinho, respeitador.
Valeria a pena algum laboratório medir os decibéis dos dois eventos. O clima acabou tão constrangedor que provocou até humor involuntário. Miriam Leitão fez uma pergunta totalmente despropositada sobre a Venezuela (sim, a Venezuela parece uma prioridade já que o Brasil não tem problema algum) e o general foi sincero: “Você me levantou uma bola boa, Miriam” hahaahha.
Em outra passagem, uma veterana repórter ficou em silêncio obsequioso antes de perguntar ao milico. “Eu estava esperando o senhor falar um pouco mais…”, foi toda gentil. Quase igual ao que fizeram com Haddad. SQN.
Enfim, o general é bem mais articulado do que Bolsonaro, mas tão fascista como ele. Defendeu o monstro Brilhante Ustra com a pérola “os heróis também matam”, mas o que vai ficar é que jamais houve uma “entrevista” tão vergonhosa como a de hoje. Inesquecível.
O tom dos jornalistas carro chefe da Globo ontem na entrevista com o general, em oposição às posturas com demais candidatos no mesmo programa, é das coisas mais chocantes que o jornalismo brasileiro produziu em muito tempo.
Em lugar do clima inquisitorial que virou marca na emissora em período eleitoral, amabilidade e voz baixa diante de alguém que, também entre sorrisos, defendia o regime ditatorial e tratava por herói um notório torturador.
Na bancada, além dos Mervais e Camarottis, uma ex militante de esquerda torturada pelo regime militar e um ex operador de mimeógrafo da luta armada.
Sério, o negócio é inqualificável.
Aí, volto àquela imagem do dia do atentado, com militantes do recruta expulsando a equipe da Globo aos gritos de “globolixo”.
Bem vindos à distopia