Com o posicionamento duro das principais entidades patronais (CNI, CNA, CNT, Fiesp, Firjan) e OAB em favor da governabilidade, e a marcação firme das principais centrais e movimentos sociais contra a agitação golpista, a tentativa de setores derrotados nas urnas em 2014, de derrubar a presidenta, se tornou um colossal mico doméstico.
O editorial do New York Times, uma forte condenação aos movimentos pró-impeachment, mostrou que a besta-feira golpista tornou-se também um mico de proporções internacionais.
E agora a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, entra no jogo para igualmente fazer uma dura condenação às conspirações golpistas contra Lula e Dilma.
Em pronunciamento nacional de rádio e TV, Kirchner é simples e direta em suas denúncias contra o que está acontecendo no Brasil: conspiração golpista.
O presidente da Venezuela também já havia condenado duramente os movimentos da oposição para derrubar a presidenta.
No último dia 20, quando centenas de milhares saíram às ruas para defender a democracia, o governo venezuelano organizou um twitaço mundial em favor da presidenta Dilma.
A oposição brasileira teria se tornado tão alienada da realidade que esquece até mesmo a importância do dinheiro?
Pensem bem, golpistas.
Argentina é um dos nossos principais parceiros comerciais. É sobretudo, de longe, o principal mercado dos nossos produtos manufaturados.
O que vocês esperam acontecer após um golpe no Brasil que levasse ao poder um conjunto de forças não legitimado pelo sufrágio popular, não legitimado no próprio continente, e ainda denunciado pelos setores mais progressistas da imprensa internacional?
Vocês, golpistas, tem dinheiro, tem a grande mídia, tem o apoio dos setores mais poderosos do capital internacional (interessado em nos transformar de novo em colônia).
Tenham, portanto, um pouco de paciência e esperem 2018!
Nenhum governo não eleito terá qualquer estabilidade.
Se a situação anda complicada agora, em função de uma conjuntura internacional mais difícil, o que acontecerá se vocês nos levarem ao caos político, consequência inevitável de um processo de impeachment (leia-se golpe, visto que Dilma não é Collor)?
Tenham mais responsabilidade!
Somos a quinta economia do mundo!
Será que a sua loucura pelo poder chegou a tal ponto que pretendem nos levar à ruína e aos caos por um golpe que, evidentemente, será um vergonhoso fiasco?
A partir do exato momento em que um eventual golpe der certo, vocês terão perdido.
É um conselho de amigo que lhes dou, até porque, se vocês derem um golpe, se desmoralizarão a tal ponto que abrirão caminho para a esquerda voltar com força total nas próximas eleições.
Por fim, em relação à matéria que reproduzo abaixo, da BBC, eu acredito na Cristina.
Depois das revelações do Wikileaks e do Snowden, adotei uma saudável e necessária paranoia acerca de conspirações políticas operadas a partir dos lobbies armamentistas e financeiros do Tio Sam.
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Cristina Kirchner defende Lula e Dilma e fala em ‘conspiração’ no continente
Por Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil, em 20 agosto 2015
Durante pronunciamento na TV argentina, Cristina Kirchner defendeu Dilma Rousseff
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante pronunciamento em rede nacional de rádio e TV em seu país nesta quinta-feira.
“O que está acontecendo em outros países da região, como o Brasil, é o que ocorreu na Argentina”, disse, referindo-se aos protestos contra seu governo em 2011. “Olhem o que estão fazendo com a Dilma”, afirmou.
Ela sugeriu que os “panelaços”, alguns “setores da imprensa” e da “Justiça” fariam parte de uma conspiração contra a colega brasileira.
Cristina lembrou manifestações ocorridas na Copa das Confederações, em 2013, e na Copa, no ano passado – quando Dilma foi vaiada em estádios – para afirmar que os atos contra a colega brasileira não eram claros. “Não se sabe bem por que”, disse.
Ela sugeriu ainda que a morte do então presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), ocorrida num acidente de avião em Santos (SP), em agosto de 2014, possa ter sido fruto dessa mesma conspiração contra a presidente brasileira.
“Ele não tinha se manifestado sobre (quem apoiaria) no segundo turno das eleições. E Marina Silva ocupou seu lugar e depois apoiou o outro candidato (Aécio Neves)”, afirmou.
Cristina disse ainda ter achado “tudo muito estranho, porque de repente os brasileiros, que gostavam de futebol, passaram a criticar (o futebol)”. “E, depois de Dilma, agora estão contra Lula.”
Segundo a presidente argentina, Lula é vítima de “conspiração” que está ocorrendo no continente
A presidente argentina afirmou que essa “conspiração” pode ter partido “do Norte”. “As panelas têm marca registrada” de uma agência de investigações “do país do norte que tem interesse na América Latina”, disse, sobre os panelaços contra a colega brasileira.
Após o pronunciamento, voltou a citar o Brasil em discursos para militantes concentrados no pátio interno da Casa Rosada, sede do governo.
Com microfone em punho, e interrompida por aplausos, disse que “grande parte do que construímos devemos a eles, (Néstor) Kirchner, Hugo (Chávez) e Lula”. E reiterou o que já tinha declarado em cadeia nacional: “E por isso agora estão avançando contra Lula. Estejamos todos atentos”.
Cristina afirmou que a região registrou avanços nos últimos anos e que opositores querem “frustrar os processos de desenvolvimento social que alguns chamam de populista”.
E relatou um diálogo que teve com Dilma sobre a juventude de ambas.
“Na conversa, eu disse que tínhamos razão para estar irritadas, indignadas porque não havia eleições, havia ditadura, pessoas desaparecidas, torturadas, o que fizeram com a Dilma. Sempre andávamos com caras irritadas e uma palavra que disse à Dilma, mas não vou dizer aqui”.
Após alguém gritar “séria”, respondeu: “mais do que sérias”.
A presidente argentina, que passará a faixa presidencial em 10 de dezembro, disse ainda que “o resultado das urnas deve ser respeitado”, e ouviu seus apoiadores cantarem “Cristina no sé vá” (“Cristina não vai embora”) e “somos os soldados de Cristina”.