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Concessão de benefícios apresentou queda brutal entre janeiro de 2018 e maio de 2019; governo diz que inclusão deve ser normalizada “após estudos de reformulação”
Jornal GGN – Quase vinte anos após seu lançamento, o programa Bolsa Família passa por um período de incertezas: enquanto os beneficiários receberam um pagamento a mais com o 13º em 2019, o governo Jair Bolsonaro corta famílias e promete mudanças no programa que ainda não foram detalhadas.
Dados do Ministério da Cidadania mostram que, atualmente, 494.229 famílias estão inscritas no Cadastro Único e podem receber o Bolsa Família, em um período de espera que é o maior desde 2015, quando mais de 1,2 milhão de famílias esperavam o auxílio no período (auge da crise econômica durante o governo Dilma).
Embora reconheça os cortes dos últimos meses, o ministério diz que a inclusão de novas famílias deve ser normalizada “com a conclusão dos estudos de reformulação do Bolsa Família”.
O cenário mostra que, em um quadro cada vez maior de brasileiros na extrema pobreza, o governo Bolsonaro está deliberadamente diminuindo a velocidade de entrada no programa de combate à pobreza – e os cortes feitos foram brutais: números obtidos pelo jornal O Globo via Lei de Acesso à Informação mostram que a concessão passou de uma média de mais de 260.000 novos benefícios concedidos entre janeiro de 2018 e maio de 2019 para apenas 5.667 novos usuários em todo o país.
Em entrevista ao jornal El Pais, o economista Marcelo Cortes Neri, diretor do FGV Social e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos no Governo Dilma Rousseff (PT) diz que reduzir esses gastos “é fazer ajuste fiscal em cima dos mais pobres”, e o governo passa um sinal negativo ao indicar que pretende reduzir a dimensão do programa social. “É uma péssima ideia economizar em assistência social. O Brasil ainda não se recuperou da recessão. É no momento como esse que se tem que abrir a rede de proteção social, e não fechar”, diz o sociólogo Marcelo Medeiros, professor visitante da Universidade de Princeton.