Por Gustl Rosenkranz
Quando acabou a Segunda Guerra Mundial e começou a faxina (também política, jurídica e social) no país, muitos alemães alegaram que não sabiam das atrocidades nazistas, que não perceberam o genocídio de seis milhões de judeus, sem falar dos inúmeros outros grupos vítimas dos assassinos que assumiram o poder naquela época.
Muitos disseram não ter percebido que vizinhos desapareceram, que estabelecimentos judeus foram saqueados e desapropriados, que não viram as pinchações e não escutaram os xingamentos. Sim, muitos disseram descaradamente que não tinham conhecimento de nada disso.
Tive a sorte de conhecer testemunhas dessa época, alemães idosos com os quais conversei sobre o assunto. E, realmente, escutei alemães que viveram nesse tempo do nazismo e do holocausto dizendo que não sabiam desse lado escuro e que até o fim acreditaram que Hitler era boa gente e tinha as melhores intenções. Eles diziam terem sido enganados e se viam como vítimas.
Mas escutei também uma outra versão, de alemães que diziam que todo mundo sabia sim de toda aquela maldade e da perseguição de judeus, homossexuais, comunistas, intelectuais, opositores e qualquer um que não apoiasse o regime perverso e criminoso ou que fosse vítima da narrativa de que esse ou aquele grupo seria de inimigos e que precisava ser combatido e exterminado – a narrativa nazista, como a fascista, precisa de inimigos para canalizar o ódio, semear o medo e melhor manipular as pessoas.
Escutei que, se alguém viveu naquela época e dizia que não sabia do que se passava, essa pessoa estaria mentindo. E, se realmente não soube, então não soube porque não quis, pois o mal estava ali agindo abertamente para todo mundo ver. Hitler discursava sem acanhamento sobre a superioridade da “raça ariana”, como se ela realmente existisse, e nunca escondeu que representava o mal e a destruição.
Vejo um paralelo com a situação atual do Brasil. Não tem como um brasileiro hoje não saber que Jair Bolsonaro não é boa gente, não é um bom presidente e que está fazendo mal ao Brasil. Todo mundo sabe que o sujeito não é honesto, está envolvido com milícias, é defensor da tortura e da ditadura, é racista, machista e homofóbico e nem sequer tem boas maneiras.
Todo mundo sabe que o elemento é nocivo para a paz social no país e que ele está “cagando” para o meio ambiente (para beneficiar a bancada ruralista e latifundiária que o apoia). Não tem como não saber que ele não tem boas intenções e que tem sonhos delirantes de acabar com a democracia no Brasil.
Sim, vejo esse paralelo, mas vejo também algo que não existia na época do nacional-socialismo na Alemanha e que, hoje, fará uma grande diferença: A INTERNET.
Dessa vez, quando passar esse acidente histórico que é o governo atual, ninguém vai poder sair por aí dizendo que não sabia do que estava ocorrendo ou negar que apoiou as maldades desse governo assassino e fascista, pois estará tudo aí na net, que nada esquece.
Sim, dessa vez será fácil desmentir quem negar que sabia que o mal estava reinando no país através desse governo.
Só espero que seremos então consequentes e rigorosos com essa gente perversa, isolando-a dos meios sociais e punindo também seus crimes e não somente os crimes cometidos pelo brutamontes genocida e ecocida que essas pessoas apoiam.
Não há apoiador inocente nessa história. Quem apoia esse governo sabe o que está fazendo. Se não sabe, então só porque não quer saber. A cruel realidade está aí para todo mundo ver.
Obs.: Título da postagem é do Bem Blogado