Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado
Nunca um governo assumiu e apenas dois meses depois já se notou tanta diferença com o anterior.
Mesmo na primeira administração de Lula, que entrou no lugar de FHC, os efeitos da mudança foram tão claros. Afinal, mesmo o tucano sendo um neoliberal, não era fascista, como é como Bolsonaro. E o fascismo, sabemos pela História e até pelos tempos recentes, não deixa nada em pé em valores civilizatórios e democráticos.
Lula tem a experiência de governo e de décadas na política. Sabe o que o povo quer e a trilha para chegar lá. Em poucos dias no poder, recolocou o Brasil no cenário mundial.
Já não é pouco para país que se orgulhava tristemente de ser pária, para vergonha dos brasileiros. Mas as modificações não se esgotaram aí.
Sem alarde desnecessário, o novo presidente da República limpou a administração federal, demitindo os milhares de militares que usurpavam cargos civis até em áreas como Saúde, Educação, Funai, Meio Ambiente etc, ou seja, eram intrusos e ignorantes, na melhor hipótese, em assuntos tão importantes para todos.
Foi além, teve a coragem de peitar os militares que se acumpliciaram com os que tentaram o golpe insano de 8 de janeiro. Pela primeira vez nos últimos seis anos, um presidente da República teve que falar o óbvio publicamente, ou seja, que as Forças Armadas não detém o absurdo “Poder Moderador” que julgavam ter.
Os milicos, ao menos por enquanto, recolheram-se aos animados jogos de dominó nos quartéis, seu endereço de ofício definido pela Constituição.
É na Economia, porém, que está a esperança do grosso do eleitorado de Lula, os pobres e miseráveis. Nesse terreno, a obra de destruição do fascismo afetou diretamente a vida dos brasileiros. O assustador crescimento da fome exigiu o primeiro combate, emergencial.
Apesar do combate insano da mídia que viu “gastança” no emprego de dinheiro público para levar comida a quem tem fome, o governo do PT conseguiu, mesmo não tendo maioria nas casas parlamentares, os votos necessários para honrar os compromissos de campanha para um Bolsa Família incrementado e com mais critérios de controle. Um golaço.
Falta muito na Economia. O emprego ainda está bem difícil e o que aparece é vergonhosamente precário. Emprego e moradia são os pilares para um mínimo de cidadania, sabemos. O trajeto não será simples aí e, não devemos vender terreno na Lua, não será tão rápido.
No primeiro ano, a prioridade imposta pelo caos é juntar e jogar fora o lixo, fazer a limpeza e começar a reconstrução. Os movimentos sindical e social devem cobrar cotidianamente a ação do novo governo, é o papel deles, mas os quadros dirigentes dessas organizações não podem deixar de enxergar no horizonte também que é impossível atingir o sonho legítimo em seis meses.
Haverá o momento, e não tardará, para que o povo vá às ruas defender medidas do governo que enfrentarão resistência das elites, do Congresso de corte claramente de direita e da mídia hegemônica, que sempre sonhou com um bolsonarismo sem Bolsonaro.
O governo Lula não será um passeio, alguma coisa que poderemos sentar no sofá tomando uma cerveja e deixar tudo por conta do presidente da República. Não,
Lula pode muito mas não pode tudo, principalmente se os adversários sentirem que nos entregamos ao comodismo.
Diferente do que ocorreu nos governos anteriores do PT, a extrema-direita se organizou e hoje, é preciso saber o tamanho do inimigo para combatê-lo melhor.
Infelizmente o fascismo tem uma base social relevante, até em parte dos trabalhadores. Mas, com tudo isso, o início da nova era Lula é promissora.
Será um governo de resgate, transformação e, não nos esqueçamos, de luta. O Brasil vale o esforço.
