Por Willy Delvalle, publicado em DCM –
O governo Macron retirou a participação do VI Fórum Econômico França-Brasil, entre o governo Bolsonaro, representado pelo seu ministro General Santos Cruz, a CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e o MEDEF International, organização patronal francesa. A informação é dos organizadores do ato de manifestação mobilizado sob chuva diante da sede do Ministério das Finanças francês (Bercy) nesta terça-feira, em Paris.
Uma das organizadoras afirmou ao DCM que a participação de uma secretária do governo Macron estava prevista na agenda, mas, por conta da pressão de mais de 20 associações e ONGs francesas e europeias, o governo decidiu recuar e retirou sua participação.
Nenhum jornalista, informa, foi autorizado a cobrir o evento. Uma fonte de Bercy teria informado que esse não é o procedimento padrão do Ministério, cujos eventos normalmente são cobertos pela imprensa.
Quando a reportagem do DCM chegou ao local, um grupo de jornalistas estava do lado de fora do Ministério e era abordado pela polícia francesa. Os policiais lhes disseram que não podiam ficar no local e que, caso quisessem permanecer, deveriam se deslocar para a praça onde acontecia a manifestação.
Um dos jornalistas tentava falar com o ministro de Bolsonaro, sem sucesso. Um dos policiais informou que às 13h30, todos os participantes do evento já haviam ido embora. No site do encontro, consta que o evento deveria acontecer até as 14h.
“O governo não pode dizer que combate a extrema direita e recebê-la em Paris, fazer négocios com ela”, disse uma fonte no local.
Gritos contra Jair Bolsonaro, o fascismo, a prisão de Lula e por Marielle Franco foram entoados do lado de fora, onde franceses e brasileiros se concentraram.
Uma petição em oposição ao evento obteve mais de 6 mil assinaturas até o momento e deverá ser entregue ao presidente Emmanuel Macron assim que ultrapassar a marca de 7.500 participações.
O manifesto da petição foi publicada nos últimos dias no jornal Libération, o que teria sido determinante na decisão do governo.