Governo, STF e parlamentares defendem não anistiar golpistas após ataque explosivo

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Alexandre de Moraes e ministros do STF, ministros de governo, Tebet, Padilha, AGU e outros políticos se manifestaram. Confira:

Patricia Faermann, compartilhado de GGN




É unânime entre membros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF) que a explosão em frente à Corte, nesta quarta-feira (13), minou as chances de negociação de uma anistia dos bolsonaristas golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Conforme o GGN mostrou aqui, até antes do ex-candidato a vereador pelo PL tentar acionar bombas no STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro avançava nas negociações e via com bons olhos as chances de anistiar os seus apoiadores que invadiram e degradaram a Praça dos Três Poderes.

“Não existe possibilidade de pacificação com anistia”, afirmou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator das ações na Corte sobre os ataques de centenas de bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, há mais de um ano.

Moraes ministros do STF: não é fato isolado

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto”, afirmou Moraes, em evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), hoje. “É um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo principalmente”, continuou.

Segundo Moraes, o atentado frustrado de Francisco Wanderley Luiz, que morreu após explodir bombas em frente ao STF, pode ter sido isolado, sem outros envolvidos, mas é consequência direta do discurso de ódio e incitação à violência, promovido no governo anterior.

Além de Moraes, os ministros Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin se reúniram com o presidente Lula, na noite de ontem (13), após o episódio e teriam concluído pela insustentabilidade da proposta que tramita na Câmara que tenta anistiar os golpistas de janeiro de 2023.

Ministros de Lula defendem não anistiar

Dentro do governo, os ministro do governo Lula também chegaram à mesma conclusão e ressaltaram que anistiar os golpistas do passado recente é dar abertura para que atos como o de ontem aconteçam e aumentam os riscos de algum deles ser efetivado.

Segundo os investigadores, uma das hipóteses é que Francisco Wanderley Luiz, chamado de “Tiü França”, teria tentado entrar dentro do STF para ativar as bombas.

De acordo com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, ainda que o atentado de “Tiü França” tenha sido elaborado de forma individual, a responsabilidade de lideranças que influenciam atos como este deve ser considerada.

“No ataque à democracia, os ‘lobos’ nunca são solitários. Há, sempre, um ‘apito’ a encorajá-los. O que aconteceu ontem na Praça dos Três Poderes foi mais um sinal de alerta de que, enquanto permanecerem esses ‘apitos’, a luta democrática não permite qualquer tipo de trégua”, escreveu a ministra, em suas redes.

“A violência não pode ser banalizada, assim como não podemos ignorar as lições deixadas pelos atos golpistas de 8 de janeiro no Brasil, que representaram um ataque direto às instituições democráticas”, também defendeu o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

“Que esse grave episódio ocorrido ontem nos faça refletir sobre os movimentos extremistas que contaminam a política com disseminação de discursos de ódio antidemocráticos e Fake News”, continuou.

Também se manifestou nas redes sociais, mostrando a ligação do atentado de ontem com o ataque dos golpistas em 2023, o advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias.

“A apuração, denúncia e julgamento de incitadores, organizadores e perpetradores de ataques contra as Instituições democráticas são medidas essenciais para dissuadir a repetição de atentados contra o Estado de Direito. Continuaremos a difundir a paz e garantir o império da Lei e da ordem. Sem anistia!”, escreveu.

Deputados apontam Bolsonaro como “inspirador”

Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Jair Bolsonaro deve ser responsabilizado. Ela se referiu ao ex-presidente como “o maior inspirador do terrorismo da extrema direita”.

“O atentado de ontem em Brasília confirma que é imprescindível processar e punir todos os envolvidos no 8 de Janeiro, como disse hoje o ministro Alexandre de Moraes. A começar pelos mandantes e pelo chefe de todos, que é o maior inspirador do terrorismo da extrema direita, seja pela ação de grupos organizados ou de pessoas isoladamente, o que será esclarecido nas investigações”, disse.

Segundo a deputada federal, “quase dois anos depois dos acampamentos nos quartéis, da invasão da Polícia Federal, da bomba plantada no aeroporto de Brasília e da invasão dos três Poderes, vemos crescer um perigoso movimento para ‘normalizar’ a extrema direita, como se quisessem apagar da memória do país o terror e a violência que perpetraram.”

“Qualquer forma de anistia aos golpistas do 8 de janeiro é normalizar ações como a de ontem”, escreveu o também deputado e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo de apoio de Lula, Guilherme Boulos (PSOL).

“É cada dia mais necessário que quem passou os últimos anos alimentando o ódio, a violência política e o golpismo seja exemplarmente punido, antes que uma tragédia anunciada aconteça no Brasil”, completou.

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