Brasil está entre países onde pesquisadores internacionais registram o dobro do excesso de óbitos e de mobilidade popular durante a pandemia, em comparação com outras nações.
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Em países com governos populistas, o risco de morte em decorrência do coronavírus é significativamente maior do que em outros lugares. Em média, a mortalidade nessas nações é mais que duas vezes superior.
Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta quinta-feira (27/01) pelo Instituto de Economia Mundial (IfW), sediado em Kiel, no norte da Alemanha.
“Os números são claros: os populistas são claramente os piores gestores de crise na pandemia de coronavírus, responsáveis por muitas mortes evitáveis nos países que governam”, conclui Michael Bayerlein, especialista do IfW em pesquisa do populismo.
O excesso de mortalidade – número de óbitos acima do valor esperado num momento sem pandemia – em países com governos populistas foi de quase 18%, em média, enquanto nos outros ficou em torno de 8%.
Os pesquisadores classificaram como populistas os governos de 11 países, entre eles Brasil, Polônia, Eslováquia, República Tcheca, Hungria, Reino Unido e Índia.
Maior mobilidade
Os pesquisadores atribuíram o excesso de mortalidade mais elevado à maior atividade física da população em países governados por populistas.
Para medir a mobilidade, a equipe utilizou dados do Google, que mostram o nível de frequência de determinados como lugares, como supermercados ou parques, durante a pandemia.
De acordo com esses dados, o índice de movimento em países com governos populistas é duas vezes maior do que naqueles com lideranças não populistas.
A equipe de autores identificou duas razões para a maior mobilidade: por um lado, os governos populistas têm determinado menos medidas para proteção da população contra infecções e, em particular, para limitar os contatos. Por outro lado, eles minimizam os perigos do vírus, o que impediria a população de restringir sua mobilidade voluntariamente.
Cerca de 40 nações
Juntamente com uma equipe internacional de pesquisadores de diversos países, Bayerlein avaliou a gestão de pandemia durante 2020 em 42 países que integram a OCDE ou que pertencem ao assim chamado Brics.
“Nosso estudo prova pela primeira vez que os populistas fazem um trabalho ruim na gestão da pandemia, o que também se reflete diretamente no número de mortes”, diz Bayerlein. “O alto excesso de mortes é impulsionado por uma mobilidade muito alta, que por sua vez é causada pela falta de restrições e pela propaganda anticorona”.
A única boa notícia é que a conexão clara entre os números de mobilidade e óbitos também indicam que os cidadãos poderiam se proteger reduzindo voluntariamente seus contatos durante a pandemia.
md/av (Reuters, EPD)