Publicado em Jornal GGN –
William Bonner correu para ler, ao vivo no Jornal Nacional, o tuíte do General Villas Boas, comandante do Exército, que pressiona o Supremo Tribunal Federal a manter a prisão em segunda instância e negar um habeas corpus a Lula. Os jornais impressos, na manhã desta quarta (4), dia do julgamento, reproduziram o mesmo feito do âncora da noticiário global: noticiaram o fato, mas não se prestaram a explicar que o General ultrapassou os limites que existem dentro de uma Democracia.
As edições de Folha (que deu o destaque ao General na manchete de capa) e Estadão nem de longe cumpriram com o papel que Laura Carvalho atribuiu ao jornalismo neste episódio: esclarecer que não cabe ao Exército opinar em matéria do Judiciário.
Assinada por Eliane Cantanhêde e um colega de redação, a matéria do Estadão chegou a ouvir generais em “off”, apenas para reforçar a ideia de que Villas Boas também teria direito a ter uma opinião sobre o futuro de Lula e emití-la aos “cidadãos de bem” com quem compartilha o “repúdio à impunidade”.
Além dos generais, o próprio governo Temer também passou a mão na cabeça do General minimizando a declaração.
Folha e Estadão têm em comum, ainda, o fato de que trataram as críticas a Villas Boas como coisa de “oposição”, de “petistas e aliados” indignados com a pressão para que Lula seja preso.
Mais do que omitir o papel descabido do General, Folha escreveu que o tuíte foi uma “posição pública diante da cobrança para que as Forças Armadas se manifestassem”.
O jornal também colheu depoimentos majoritariamente coniventes com o episódio com o General. À parte os “aliados” de Lula, apenas Rodrigo Janot, ex-procurador-geral, ocupou o lugar de uma figura pública que viu o risco de 2018 virar 1964.
O professor da UnB, Luis Felipe Miguel, criticou o papelão da grande mídia. “(…) hoje a Folha é um grande panfleto antilulista”, analisou. Parece que foi feito dentro da sede do PSDB, complementou.