Por Pedro Laurentino – 

Em 01 de abril de 1964, o comunista Gregório Bezerra foi acorrentado e arrastado pelas ruas de Casa Forte, em Recife. Os gorilas que assaltaram o poder, rasgaram a constituição brasileira e depuseram o presidente eleito pelo voto popular, apresentavam o seu troféu à nação e demonstravam dessa maneira como seriam tratados aqueles que professassem qualquer outra ideologia que não a do próprio fascismo.

Na ocasião, Gregório tinha 64 anos de idade. Nos dias de hoje, seria tratado, preferencial e respeitosamente, como idoso. Era um camponês destemido. Aprendeu a ler e a escrever quando já era adulto.

Dentre todas as passagens desse episódio grotesco, a que mais me emociona é o seu diálogo com o torturador, Coronel Vilocq, conhecido facínora pernambucano.

– Fale, seu comunista filho da puta!, gritou o coronel.

– Coronel Vilocq, respeite a minha mãe!!! Ela é uma mulher pobre, camponesa e analfabeta, mas é honrada e digna!!! Respondeu um insubmisso e acorrentado Gregório.

E o coronel, senhor absoluto da situação, de pronto pediu desculpas ao prisioneiro.

O nome disso é força moral !!!

Esse relato eu ouvi da boca do próprio Gregório Bezerra, em um histórico comício relâmpago na pracinha do Diário de Pernambuco, em 1982, após ele ter retornado do exílio nas asas da anistia.

Faço esse registro para lembrar que nesse 13 de março de 2021 Gregório Bezerra completou 121 anos de nascimento e de revolucionária memória entre nós.

Desculpe-me o poeta Cazuza, mas os meus heróis não morreram de overdose. Eles morreram resistindo.

Gregório Bezerra, presente !!! Agora e sempre !!!”