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Trens, metrôs, aviões e escolas estão entre serviços afetados. Mobilização nacional contra reforma que foi promessa de campanha de Macron pode ser a maior desde início da crise dos “coletes amarelos”, há um ano.
Uma greve geral contra a reforma da Previdência planejada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, paralisa nesta quinta-feira (05/12) diversos serviços no país, incluindo trens, aviões, escolas e hospitais. A previsão é que estes sejam os maiores protestos desde o início da crise dos “coletes amarelos”, há cerca de um ano.
Cerca de 90% dos trens de alta velocidade TGV deixam de circular nesta quinta, assim como um em cada cinco trens inter-regionais TER. Onze das 16 linhas do metrô de Paris amanheceram fechadas, enquanto outras três funcionam com restrições.
A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) previu o cancelamento de cerca de 20% dos voos com origem ou destino na França. A paralisação de parte dos controladores de voo obrigou a companhia aérea Air France a anular 30% de seus voos domésticos e 15% de seus voos europeus. Mas a empresa afirmou que manterá todos os voos de longa distância. Grande parte das escolas não abriu as portas.
Foram convocadas oficialmente em todo o país 245 manifestações, das quais a principal será em Paris, onde o esquema de segurança mobiliza um efetivo de cerca de 6 mil policiais. As autoridades recomendaram que lojas no percurso da passeata de protesto na capital fechem suas portas.
A paralisação nacional ganhou, ainda, a adesão de policiais, coletores de lixo, advogados, aposentados e também dos “coletes amarelos”, o poderoso movimento social surgido na França em novembro de 2018. As mobilizações também receberam o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor do best-seller O Capital no século 21, além de partidos de esquerda.
O que impulsionou a indignação popular foi a reforma previdenciária planejada por Macron. Promessa de campanha do presidente, ela visa simplificar e substituir os atuais 42 regimes especiais por um sistema único, acabando com privilégios de determinadas categorias profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de metrô parisiense.
O governo argumenta que é um sistema “mais justo e simples”, em que “cada euro de contribuição dará os mesmos direitos a todos”. Mas os sindicatos temem que a mudança aumente a idade de aposentadoria, atualmente em 62 anos, e diminua o nível das aposentadorias.
As centrais sindicais CGT, FO, FSU, Solidaires, UNL e UNEF convocaram a greve por considerarem que o novo regime diminuirá a quantia das aposentadorias e “degradará os direitos de todos”.
O secretário de Estado francês de Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, reconheceu que as paralisações podem durar dias. Ele prometeu se reunir com representantes das entidades sindicais para negociar uma saída rápida para a crise.
Segundo uma pesquisa do instituto Odoxa-Dentsu publicada no jornal Le Figaro, 70% dos franceses creem que a greve é justificada.
MD/afp/efe