Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Facebook
Uns dois ou três meses sem andar pelo centro velho de São Paulo, mais especificamente naquele trecho entre o Teatro Municipal e as ruas que desembocam na Praça da Sé. A vontade de gritar. Sempre houve miséria no pedaço, mas o aumento agora é em progressão geométrica.
Gente e gente estirada nas calçadas. Famílias inteiras, não mais somente dependentes de crack. Já nem pedem nada, são a versão, entre os moradores de rua,. da categoria de “desalentados” nas estatísticas sobre desemprego, aqueles que já desistiram da esperança.
Na dita capital econômica do país, cenas que se imaginavam antes “africanas”. Vai piorar, garante Paulo Guedes. A política econômica restritiva e assassina promete empregos depois de que os trapos humanos estirados nas calçadas do comércio popular paulistano morrerem.
Antes, o salário mínimo será sempre apontado como vilão dos problemas dos ricos e as verbas obrigatórias de saúde e educação, “essa excentricidade” brasileira, serão derrubadas.
Quem, afinal, mandou esses caras nascerem ou ficarem miseráveis? Depois do extermínio social pensado em Chicago, dos direitos trabalhistas e previdenciários abduzidos e do emprego quase escravo se consagrar, teremos ricos mais ricos e um país higienizado.
É esse o genocídio em curso no Brasil. Reagir não é mais nem uma atitude política. É de Humanidade.