“Há males que vêm para o bem: ‘rota da seda’ neles, Lula!”, diz Lejeune Mirhan

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Lejeune defende alinhamento do Brasil com Rússia e China e critica a “neutralidade” do Brasil

Compartilhado de Brasil 247

(Foto: Brasil247 | Valter Campanato/Agência Brasil)

247 – Em um declaração que ressoou entre progressistas, o professor Lejeune, uma das vozes críticas ao conservadorismo e ao fascismo, trouxe uma nova reflexão sobre o papel do Brasil no cenário internacional. Em recente entrevista publicada pelo canal Cortes 247, Lejeune defendeu a necessidade urgente de um alinhamento mais robusto do país com os países do BRICS, especialmente com Rússia e China. Suas declarações foram dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ele espera uma postura mais decisiva em prol da multipolaridade e contra a hegemonia ocidental.




Ao falar sobre os desafios da política externa brasileira, Lejeune destacou que “há males que vêm para o bem”, referindo-se à recente vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas. Para ele, o retorno de Trump é uma oportunidade para o Brasil se distanciar da influência de Washington. “O presidente precisa parar de ser fiscal de boletim de urna e alinhar o Brasil definitivamente com a Rússia e a China na rota da seda”, acrescentou, em uma crítica direta à postura de “neutralidade” do Brasil.

Na visão do professor, o Brasil precisa assumir um papel mais proativo dentro do bloco BRICS, ampliando suas relações com países que compartilham a luta contra a hegemonia econômica dos EUA e a manutenção da moeda norte-americana como padrão. Ele acredita que, sem esse posicionamento, o país corre o risco de continuar sendo visto apenas como um “aliado de Washington”. Segundo ele, o artigo recente do jornalista Jamil Chade corrobora sua posição ao afirmar que a Índia e a China não estariam apoiando o Brasil para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, uma vez que o país é percebido como inclinado aos interesses ocidentais.

“Uma frente ampla antifascista”

Lejeune também enfatizou a importância de uma “frente ampla antifascista” no Brasil para barrar o avanço de políticas conservadoras, especialmente em 2026, quando o cenário político nacional promete estar polarizado. O professor defendeu uma união da esquerda e lamentou o fato de que, nas últimas eleições, não tenha havido um alinhamento efetivo entre os partidos progressistas. Ele acredita que uma unidade estratégica poderia ter conquistado, segundo ele, até “duas mil prefeituras” em todo o país, caso a esquerda estivesse mais coesa.

Ao comentar sobre a possibilidade de retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lejeune afirmou que ele “canta vitória antes da hora”. Para o professor, o bolsonarismo ainda representa um risco considerável, mas ele acredita que a resistência democrática tem “todas as condições de vencer essa luta”. Ele exortou as forças progressistas a desenvolverem uma “estratégia e tática corretas”, considerando o terreno eleitoral e os movimentos mais recentes do Supremo Tribunal Federal, que, segundo ele, têm demonstrado um compromisso firme com a defesa da democracia.

“O Brasil precisa de um posicionamento claro”

Lejeune concluiu suas considerações com uma crítica à visão binária do mundo, onde se divide “democracias liberais” e “autoritarismos”. Para ele, essa perspectiva obscurece as verdadeiras contradições e impede uma análise crítica das estruturas de poder global. “Precisamos parar de ver o mundo entre democracias liberais e regimes autoritários”, advertiu, reforçando que a polarização entre esses blocos é, na sua visão, uma narrativa conveniente ao “imperialismo ocidental”.

Seu apelo final foi claro: ele espera que Lula dê um passo à frente, reconheça a importância estratégica dos BRICS e, quem sabe, endosse um movimento concreto para incluir a Venezuela no bloco, fortalecendo ainda mais a resistência contra as pressões internacionais. “Rumo à rota da seda, presidente Lula. Esta é a melhor forma de consolidar o Brasil como um ator relevante na nova ordem mundial.”

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