Por Ana Beatriz Prudente, compartilhado da Revista Fórum –
O Brasil segue sem protocolos médicos para tratamento de vítimas da Covid-19. O Brasil segue sem um plano nacional efetivo de combate à doença. O Brasil segue liderando o ranking dos países que não conseguiram elaborar respostas para a crise.
Por trás dos números de vítimas da Covid-19 há pessoas e muitas deixam filhos, pais, esposas, maridos, amigos… Cada número é a história de uma família que fica de luto, de lares que agora possuem um morador a menos e da sensação de vazio que fica nos familiares. Estamos perdendo pessoas e é importante deixarmos isso muito claro para que os números de mortos não sejam banalizados.
A intelectualidade progressista paulistana ficou mais triste. Na madrugada da última segunda-feira (05), uma pessoa muito respeitada e querida se foi: Ely Azevedo, um homem erudito e experiente na gestão pública. Ele faleceu aos 63 anos, completados no hospital, sozinho, sem festa ou presentes.
Ao longo de sua carreira, assessorou diversos políticos, entre eles o ex-deputado estadual eleito pelo PT Lucas Buzato, o deputado estadual Hamilton Pereira e os deputados federais Arlindo Chinaglia e Paulo Ferreira, todos também do PT. Também trabalhou no Sindicato dos Bancários e com a criação de vídeos populares.
Após anos de dedicação à vida pública, ele resolveu viver num outro universo que também amava: a gastronomia. Consagrou-se como chef de cozinha especializado em quiches e tortas. Além disso, era um afroempreendedor extremamente criativo, que desenvolveu um serviço inovador de assinatura de pratos onde os clientes recebiam semanalmente suas refeições favoritas em casa. Sua clientela incluía juristas, advogados, artistas e políticos.
Foi casado por 14 anos com Maricy Valletta, mãe do seu filho de 12 anos, Miguel (sua grande paixão e que mudou seu jeito de ver a vida e se relacionar com o mundo).
No mesmo dia em que perdemos Ely Azevedo, o Brasil superou a marca dos 13 milhões de casos de Covid-19. A média móvel de mortes no período dos últimos 7 dias ficou em 2.698. Com isso, batemos a marca de 333.153 óbitos desde o início da pandemia.
O Brasil segue sem protocolos médicos para tratamento de vítimas da Covid-19. O Brasil segue sem um plano nacional efetivo de combate à doença. O Brasil segue liderando o ranking dos países que não conseguiram elaborar respostas para a crise.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.