Carlos Eduardo Alves pelo Facebook –
Sobre a eleição paulistana: existem dois candidatos do campo democrático, Haddad e Erundina. Com biografias distintas, mas ambas limpas. Candidaturas legítimas, com propósitos diferentes. Haddad busca a continuidade de uma administração que tenta civilizar a cidade, tornando-a menos cruel. Erundina concorre para marcar posição, com discurso claro de esquerda.
Não gosto do voto útil. Considero despolitizador. A candidatura de Erundina começou a cumprir o roteiro de quem conhece eleição em SP: vai para o gueto político e provavelmente terminará com menos de 5%. Não tinha como escapar desse destino óbvio.
Haddad enfrenta o enorme desgaste do PT e uma campanha infamante nas rádios da cidade. Já era para ter rompido a faixa dos 10% e ainda patina. Se não arrancar para pelo menos 15% nos próximos 10 dias, não terá chance de chegar ao segundo turno, mesmo que o PT consiga mais alguns pontos previsíveis no dia da votação.
O que é lamentável, ressaltada mais uma vez a absoluta legitimidade da candidatura de Erundina, é a campanha sectária que leio em muito de seus apoiadores. Não me desculpem, dizer que Haddad é o mesmo que Russomanno, Dólar Jr. e a ex-Marta incorre em picaretagem política. Leio isso com assustadora frequência, principalmente depois que a postulação do PSOL começou a virar pó.
Que os grupelhos incrustados na campanha pensem assim, nenhuma novidade. Mas que gente esclarecida repita o discurso é assustador. Os grupelhos, nas marchas do MPL no início do ano, já levavam faixas chamando o prefeito de fascista e comparando-o a Alckmin. Mas gente com mais de 5 neurônios…
A biografia singular de Erundina não merece que sua carreira política seja manchada pela infantilidade, ou má fé, de alguns de seus apoiadores. Disputar o butim do PT com esse tipo de argumento só desqualifica o que se pretende de “nova esquerda”. Manter uma candidatura para construir um projeto partidário ou um “pós tudo” é valido sim. Mas conservemos a decência política. Haddad obviamente não é igual a Russomanno, Dólar Jr. e a ex-Marta.