Histórias que a Globo não conta

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Publicado no Blog Agenda Capital, por por  – 

General Figueiredo e Roberto Marinho

A Rede Globo completa, em 2015, 50 anos. Num país onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 45% das empresas não sobrevivem ao segundo ano de existência, meio século de vida é uma quase eternidade. Para comemorar essa façanha, a programação da Vênus Platinada tem mostrado toda sua grandiosidade.




O enredo começa em 1965, quando o governo militar, recém instalado no Brasil, precisava de aliados na mídia para se sustentar e propagar o medo. O comunismo foi eleito como o grande verdugo. Nos porões dos quartéis, a ditadura instalou uma espécie de governo operacional, onde o arbítrio, a tortura e a prepotência dos gorilas de plantão não tinham limites. O poder midiático da empresa comandada pela família Marinho é incontestável. Diariamente, cerca de 150 milhões de brasileiros assistem sua programação. Há 46 anos o Jornal Nacional mostra sua “verdade” na tentativa de pautar a história do Brasil. A novela das oito virou um produto genuinamente nacional, com direito a exportação para mais de 100 países. Aqui em Pindorama, dita a moda, usos e costumes.

Enquanto isso, o conglomerado da família Marinho – rádio, jornal e televisão – não só se calou como apoiou ostensivamente o regime de arbítrio mostrando apenas o “Brasil grande” fruto do “milagre brasileiro”.  A Globo foi conivente com o terror em troca de apoio financeiro para gerir aquela que viria a ser, 50 anos depois, um dos maiores conglomerados midiáticos do planeta.

No plano político, além do apoio à ditadura, tentou fraudar o resultado das eleições para governador no Rio de Janeiro, em 1982. Manipulou informações e a edição do debate final nas eleições de 1989 a fim de eleger seu ungido. O resultado foi o processo de impeachment que o destituiu do cargo. Acobertou, quando convinha, fatos que não eram de interesse da ditadura a quem servia, como a explosão de uma bomba no colo de dois militares no Riocentro ou a campanha pelas eleições diretas no Brasil. O patriarca, Roberto Marinho, nomeava ministros segundo suas preferências pessoais. Ou acusava de malversação do erário público aqueles considerados “persona-non-grata”.

Em agosto de 2014, em editorial publicado no jornal O Globo e depois divulgado no Jornal Nacional, o clã reconheceu que “o apoio ao golpe de 64 foi um erro”. Concluiu que a decisão de tornar pública essa avaliação “vem de discussões internas de anos, em que as Organizações Globo concluíram que, à luz da história, o apoio se constituiu um equívoco”.

Por mais que esse gesto possa parecer uma tentativa de remissão com a sociedade, as mazelas, as dores e os medos impregnados na memória dos milhares de brasileiros vítimas da brutalidade insana não serão excluídos pelo sensacionalismo levado ao ar nas últimas noites. O mea-culpa e a propaganda não absolvem a emissora da conivência com a ditadura e de todas as tragédias dela advinda.

A Globo construiu seu império pela subserviência. Em troca do beneplácito, gozou de favores e benefícios dos governos da ditadura. Um desses escândalos foi um vínculo com grupo norte-americano, Time Life, de quem recebeu milhões de dólares em ajuda financeira apesar do acordo ser vedado pela Constituição brasileira. Segundo a revista “Forbes”, em 2014, a família Marinho foi considerada a mais rica do Brasil. Juntos, os três irmãos têm uma fortuna estimada em US$ 29 bilhões.

A maioria da população brasileira, especialmente as novas gerações, não conhece essa história. O ideal é que, num momento que o País quer ser passado a limpo, o tema fosse enredo na novela das oito. Mas nesse caso, a arte não imita a vida.

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