Tenho certeza que para milhões de pessoas tem sido complicado lidar com o nosso pesadelo diário. Ter saudades de viver tempos mais amenos, menos agressivos, com perspectiva real de prosperidade e de sucesso. Literalmente mais felizes.
Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência
O Brasil se tornou vítima de uma mentalidade atrasada, sem solidariedade, de salve-se quem puder. Dói muito pensar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a nossa única esperança de dias melhores. Milhões sem emprego, atirados nas ruas, não tendo sequer um prato de comida para comer. É difícil imaginar os desafios que ele e todos nós teremos pela frente.
Mas, por enquanto, só nos resta derrotar o fascismo. Apesar de termos a trágica memória de uma ditadura militar sanguinária, ninguém esperava passar pelas mãos de um governo sádico e cruel, resultado de uma sociedade que não é muito diferente desta péssima referência.
“Hoje o sonho acabou. Quem não dormiu no sleeping bag nunca mais sonhou”. Será este destino mesmo dos nossos tempos, como cantou o nosso genial compositor Gilberto Gil, que completou 80 anos neste último final de semana? Duro acreditar que o fascismo voltou com força, que as ideias nazistas estão incorporadas na alma dos brasileiros, tão afeitos ao samba, ao Carnaval e ao futebol. Como foi incorporado ao nosso dia a dia este mal que tem apodrecido as nossas relações cotidianas?
Marx explica
O filósofo e pensador alemão Karl Marx, falecido em 1883, já previa naquela época uma crise aguda no capitalismo. É bem provável que o mundo globalizado esteja sentindo os efeitos desta decadência prevista por ele e as relações estejam se tornando menos tolerantes. O nazismo e o fascismo cresceram exatamente sob a sombra de fortes crises que o modelo econômico enfrentou, em 1929.
Segundo Marx, a razão maior da crise econômica devia-se a própria irracionalidade do processo produtivo. Muitos capitalistas competindo entre si, quase sem regras determinadas. Para ele, o sistema produtivo no capitalismo não era voltado para as necessidades sociais (para atender o consumo básico da população) mas para satisfazer o lucro dos capitalistas. A evolução deste modelo gerava um outro problema. Devido a concorrência, onde os mais fracos eram eliminados do processo produtivo pelos mais fortes, dava-se uma assustadora acumulação de capital em poucas mãos. Quanto mais o capitalismo avançava, menos gente era proprietária e absorvida pelo mercado consumidor. Quanto mais estreitava o número de poderosos, menos sobrava para os demais. A convergência de riqueza e de poder sob controle da burguesia provocava, num outro polo social, o aumento da miséria da população e a proletarização dos indivíduos.
É este processo que vivemos nos dias de hoje?