Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado
Chegou o dia. Uma noite sem lua de quatro anos está indo embora. Não vamos nos esquecer nunca. Quem não extrai lições do passado não sabe calibrar o futuro. O Brasil, porém, é insistente. Apesar do horror constante com que trata seus filhos pobres, às vezes encontra saída em busca do sol.
E o velho Luiz Inácio Lula da Silva é a bandeira da esperança para nossas crianças e jovens. Com ele, podemos resgatar a esperança e arquivar a sensação de desespero e terror.
Vamos caminhar para a urna na eleição mais importante desde a democratização. Sim, é mais relevante até da que deu o primeiro mandato de Lula, iniciado em 2022.
O País era mais civilizado, embora socialmente muito injusto. O campo popular enfrentava o avanço do neoliberalismo, é verdade. Mas, sejamos justos, Fernando Henrique Cardoso e o PSDB daquele tempo eram fichinhas perto do que existe hoje. Representavam a direita, mas não eram fascistas.
É verdade histórica, não é opinião. Tanto que a velha guarda do tucanato civilizado está com Lula agora, a começar pelo próprio FHC.
A situação econômica do País é hoje muito pior. Paulo Guedes nos recolocou no triste Mapa da Fome, do qual havíamos sido gloriosamente excluídos por Lula.
O emprego de qualidade desapareceu e a estranha categoria “emprego sem carteira” quase sempre é sinônimo de trabalhador sem qualquer direitos garantia social mínima.
Nunca, nem na ditadura militar, tanta ignorância foi dita. A Ciência foi questionada, a Cultura foi esculhambada, as mulheres desrespeitadas etc. Enfim, o fascismo apagou traços mínimos de civilidade, tentou calar no grito os divergentes, normalizou a brutalidade entre os irmãos brasileiros.
Vamos lutar ainda mais pelos últimos votos que garantirão à vontade de Lula ao comando do Brasil. A tarefa dele será imensa. A elite brasileira permitiu, sem o hipócrita e costumeiro grito pela “responsabilidade fiscal”, que o genocida estraçalhasse o cofre público na tentativa de reeleição.
Uma maioria de parlamentares corruptos foi eleita graças à excrescência do chamado “Orçamento Secreto”, mais exatamente um duto bilionário que irrigou a campanha e o bolso de político corrupto. Essa cleptocracia não vai querer largar o osso.
Sorte do Brasil é que Lula é um político sagaz. Não desconhece, e até vem declarando seguidamente, que estamos mais pobres em todas as áreas e instâncias quando se compara com o Pais que assumiu em 2002.
Mas Lula sozinho, apesar de seus compromissos com os pobres e do jogo de cintura na Política, não conseguirá muita coisa. Ele precisa da gente, não só de nosso voto.
Com o caos herdado, Lula terá muito pouco dinheiro para enfrentar as demandas mais urgentes. A principal, é claro, é garantir comida para os milhões que estão precisando.
Será necessária muita mobilização de rua, ressuscitar o hábito da presença no asfalto, para respaldar o próximo presidente nos embates que certamente será obrigado a travar para inverter a lógica econômica de Guedes.
Não se esqueça, uma porção relevante da classe dominante discorda de Bolsonaro apenas pela flagrante indigência intelectual dele, mas concorda com a política econômica de exclusão. Essa turma também não vai querer largar o osso.
Então, um novo Brasil começará amanhã, mas só começará. O novo governo Lula vai exigir também do campo popular novas tarefas. Nosso trabalho será assegurar nas ruas forças para que Lula promova mudanças.
Sim, é tudo mais difícil, depois do tsunami fascista, do que em 2002. Mas tudo também é possível.
A partir de hoje, será mesmo uma vida melhor.
Foto, feita por Washington Luiz de Araújo, dos irmãos Bento e Theo, devidamente autorizada pelos familiares.