As autoridades sanitárias holandesas anunciaram neste domingo (28) que 13 dos mais de 600 passageiros que chegaram a Amsterdã em dois voos provenientes da África do Sul na sexta-feira (26) estão contaminados pela nova variante ômicron. Outros 531 viajantes testaram negativo à Covid-19.
Por RFI, compartilhado de de seu site
No sábado (27), o Instituto de Saúde Pública da Holanda afirmou que 61 passageiros vindos de Joanesburgo e da Cidade do Cabo haviam testado positivo à Covid-19, sem especificar se estavam infectados pela nova variante ômicron. Todas as pessoas contaminadas estão isoladas em um hotel próximo ao aeroporto Amsterdã-Schipol.
As autoridades holandesas indicaram que ainda aguardam resultados de outros testes. “A variante ômicron foi identificada até agora em 13 testes positivos à Covid-19. Mas as investigações ainda não terminaram. A nova variante ainda pode ser detectada em outras amostras”, indicou um comunicado do Instituto de Saúde Pública da Holanda.
O ministro holandês da Saúde, Hugo de Jonge, também fez um apelo para quem for desembarcar no país depois de terem passado por países do sul do continente africano. “Pedimos que as pessoas que venham desta região que se testem o mais rápido possível. Não é improvável que haja outros casos da ômicron na Holanda”, ressaltou.
Em coletiva de imprensa, Hugo de Jonge indicou que ainda não se conhece a gravidade da nova linhagem. “A OMS declarou que essa variante é preocupante, mas só teremos a confirmação nas próximas semanas”, reiterou.
“Bomba-relógio”
Anatole, um empresário francês que estava no do voo que saiu de Joanesburgo transportando viajantes contaminados com a ômicron, conversou com a emissora Franceinfo. “Esses aviões são como uma bomba-relógio”, afirmou o passageiro. Apesar de ter testado negativo no exame que fez no aeroporto, Anatole teme manifestar sinais da Covid-19 nas próximas horas ou dias.
De volta à França, ele relata as “condições deploráveis” dos passageiros no aeroporto de Amsterdã-Schipol. Ele conta que, para embarcar, em Joanesburgo, todos os viajantes apresentaram um teste negativo à Covid-19 de menos de 72 horas. No entanto, uma hora antes de aterrissar na Holanda, o piloto avisou que não seria possível desembarcar devido à proibição do governo holandês a voos vindos do sul da África que havia entrado em vigor algumas horas antes.
Após seis horas de espera de espera dentro do avião por uma resposta das autoridades do país, Anatole conta que alguns passageiros perderam a paciência e tiraram a máscara. Depois, todos foram levados em ônibus para uma sala do aeroporto de Amsterdã-Schipol para serem testados.
“Tudo foi improvisado. Havia apenas três pessoas para realizar os exames em todos os viajantes, o que demorou muito tempo. Nos disseram que os resultados sairiam em três horas mas, no final, esperamos dez horas pelos diagnósticos!”, relembra.
Durante todo esse tempo, nenhum protocolo sanitário foi colocado em prática. “Mais parecia uma prisão do que um isolamento. Não havia álcool em gel, máscaras, distanciamento físico, nada. Éramos cerca de 300 pessoas dentro de uma sala de espera não muito grande, colados uns nos outros.”
Quando os resultados chegaram, os funcionários do aeroporto dividiram os passageiros em dois grupos: “à direita os negativos à Covid-19, à esquerda os positivos”. Os estrangeiros contaminados foram levados a um hotel próximo ao aeroporto e os holandeses infectados puderam voltar para suas casas, com a recomendação de realizar a quarentena. “Todos os outros foram liberados”, contou o empresário francês, em entrevista à Franceinfo.
(RFI com informações da AFP)