Homem agride casal homossexual e mulher em metrô de SP

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Publicado em Pragmatismo Político

Homem cospe em casal homossexual no metrô de São Paulo: “não gosto de viado”. Ao se rebelar contra o ato, mulher também foi agredida: “macaca, prostitua, também não gosto de vagabunda”

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Uma mulher relatou cenas de racismo e homofobia que teriam ocorrido nesta semana, no metrô de São Paulo.

Segundo o relato de Ana Paula Nogueira, um homem começou a cuspir em um casal de rapazes que estava de pé na composição. Eles, inicialmente, não perceberam a agressão, mas ao se darem conta, também não reagiram, narra ela. “Era mesmo difícil acreditar naquele ato explícito de homofobia”, descreve.




“Quando um dos rapazes que o homem cuspia percebeu, os dois encararam o homem, esperei que eles fossem reagir, mas nada. Como ele continuava a cuspir mesmo na frente deles, chegando a acertar na calça de um deles, os dois apenas se afastavam, em direção a outra porta do vagão”, revela.

Indignada com a situação, ela xingou o agressor, como narra em seu relato do Facebook. Ele então, respondeu que “não gostava de ‘viados’ e vagabundas”, segundo Ana.

“Nessa hora eu não aguentei, não enxerguei mais nada e disse: “O que você tá rindo pra mim, seu porco nojento, asqueroso?” e ele respondeu: “O que é, sua macaca, não gosto de ‘viado’ mesmo não, e nem de vagabunda, sua macaca, vagabunda, sua prostituta!”. Quando ele disse isso, boa parte dos usuários do metrô interviram e pediram que ele parasse de me insultar. Em seguida, peguei o celular para tentar fazer uma denúncia ao serviço de usuários do metrô, mas estava tão nervosa que sequer consegui discar. Disse a ele que iria denunciá-lo, e então ele desceu na estação Patriarca e saiu correndo”, conta Ana.

No desabafo, publicado há menos de um dia, ela pede que situações como essa – ocorrida na Linha Vermelha, na capital paulista – sejam combatidas e denunciadas. Leia a história de Ana na íntegra abaixo.

Hoje assisti a cenas explícitas de homofobia. Ao demonstrar minha indignação, também fui vítima de racismo.

Por volta das 17h30 voltava para casa exausta depois de um dia de trabalho. Peguei o metrô na Barra Funda, em direção à estação Corinthians Itaquera. Estava sentada e quase cochilando, quando vi um homem, que aparentava ter menos de 40 anos, na porta do metrô, cuspindo em um casal de rapazes que estavam em pé no vagão, abraçados. Parei para ver se estava enxergando bem, pois era uma cena incompreensível: O homem olhava para os rapazes e cuspia, cuspiu várias vezes.

A princípio os meninos não perceberam o que estava acontecendo, porque estavam de costas. Perguntei para um moço sentado ao meu lado: Você está vendo o que eu tô vendo? Ele acenou que sim. Quando um dos rapazes que o homem cuspia percebeu, os dois encararam o homem, esperei que eles fossem reagir, mas nada. Como ele continuava a cuspir mesmo na frente deles, chegando a acertar na calça de um deles, os dois apenas se afastavam, em direção a outra porta do vagão. Acho que também ficaram sem reação, pois era mesmo difícil acreditar naquele explícito ato de homofobia.

Eu olhava fixamente aquela cena que me indignava e me paralisou por alguns segundos, quando o agressor se voltou para mim, me olhava sorrindo, como quem busca aprovação, satisfeito por ter intimidado o casal de rapazes. Nessa hora eu não aguentei, não enxerguei mais nada e disse: “O que você tá rindo pra mim, seu porco nojento, asqueroso?” e ele respondeu: “O que é, sua macaca, não gosto de ‘viado’ mesmo não, e nem de vagabunda, sua macaca, vagabunda, sua prostituta!”. Quando ele disse isso, boa parte dos usuários do metrô interviram e pediram que ele parasse de me insultar. Em seguida, peguei o celular para tentar fazer uma denúncia ao serviço de usuários do metrô, mas estava tão nervosa que sequer consegui discar. Disse a ele que iria denunciá-lo, e então ele desceu na estação Patriarca e saiu correndo.

Por defender duas pessoas de um ato de homofobia, também fui vítima de racismo e machismo. Me pergunto: Até quando suportaremos essas dores calados?

Este homem que agrediu a mim e ao casal gay, ironicamente também é negro e é mais um retrato da intolerância que estamos vivendo no Brasil, é só mais uma demostração da nossa falência como ser humano; das falhas de nossas instituições, que não combatem ativamente esse tipo de violência; da nossa educação, que não ensina a respeitar as diferenças; e é nossa própria culpa também, por convivermos em meio a piadinhas racistas e homofóbicas, machistas e ainda rirmos delas.

Ver aqueles meninos sendo cuspidos me deixou horrorizada, traumatizada e estou compartilhando esta denúncia aqui para que vocês, que sofrem ou sofreram situações desse tipo, não se deixem intimidar, gritem, façam um escândalo, vocês não são obrigados a passar por isso! E para quem testemunhar atos como os que descrevi e vivi hoje, peço que não se calem. Ao se calarem diante da violência a um outro ser humano, vocês estão também sendo cúmplices desta violência.

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