O sertanista Sydney Possuelo enviou mensagem ao governo devolvendo a medalha do mérito indigenista, que recebeu há décadas por relevantes serviços prestados à causa indígena. O motivo foi o presidente Jair Bolsonaro, inimigo declarado dos índios, ter concedido a comenda a si próprio, justamente no momento em que defende a abertura de terras indígenas aos garimpeiros.
Por Luiz Eduardo Rezende, compartilhado de Construir Resistência
Do Quarentena News
Possuelo disse na mensagem que considera essa homenagem a Bolsonaro uma ofensa à memória do Marechal Rondon, um desbravador das florestas brasileiras que sempre preservou a vida e a cultura dos índios.
Bolsonaro, ao contrário, já disse que a cavalaria brasileira foi muito incompetente, certo fez a americana que exterminou quase todas as tribos e acabou com esse problema.
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro se auto homenageia indevidamente. No auge da pandemia, quando ele confrontava a posição dos cientistas que recomendavam vacinação, para vender a cloroquina, o presidente outorgou a si mesmo a medalha do mérito científico, provocando revolta na sociedade.
VIAGEM CINZENTA
Até agora o governo não explicou quem pagou a viagem do vereador Carlos Bolsonaro à Rússia, muito menos o que ele foi fazer lá. Bolsonaro disse que não houve custo para o governo porque ele e Carluxo dormiram no mesmo quarto e o filhote não recebeu diárias.
Isso significa que Carlos Bolsonaro não fazia parte da comitiva oficial do governo brasileiro. Então, como estava sentado à mesa de negociação com autoridades do Brasil e da Rússia? Se foi passear em Moscou, não poderia ter viajado no avião presidencial. Se não recebeu diária, gastou dinheiro do próprio bolso? A Câmara de Vereadores disse que não pagou a viagem, mas autorizou a ausência de Carluxo? Se não autorizou vai descontar os dias do salário dele? E se foi informada que ele seria integrante da delegação, que medidas vai tomar?
Mas se Carluxo era membro da delegação, então tinha direito a viajar no avião presidencial, ficar no hotel de luxo e receber diária do governo brasileiro. Qual a razão de esconder isso?
Tem carne debaixo desse angu.
GOLPE BAIXO
Jair Bolsonaro e os militares que o cercam no Palácio do Planalto estão doidos para tirar o general Joaquim Luna da presidência da Petrobras, sob a alegação de que ele não cumpriu a missão de baixar o preço dos combustíveis. Acontece que o presidente da República não tem poder para demitir o presidente da Petrobras com uma canetada, mesmo o governo sendo acionista majoritário da estatal. E o general Luna já disse que não pede demissão.
O Palácio do Planalto prepara um golpe contra o general Luna. No dia 13 de abril haverá eleição para renovar parte do Conselho da empresa e na lista a ser aprovada não constará o nome de Joaquim Luna. Como para ser presidente é necessário pertencer ao Conselho, Luna terá que deixar o cargo.
Para o lugar de Joaquim Luna será indicado o presidente do Conselho e do Flamengo, Rodolfo Landim, que é funcionário de carreira da Petrobras e deixará a presidência do Conselho porque não pode acumular as duas funções. Na verdade três, porque ele já disse que não vai deixar o cargo que ocupa no Flamengo.
Coisas do governo Bolsonaro.
A MORTE DO DEDO DURO
Morreu esta semana aos 80 anos, de causas naturais, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo, o dedo duro Cabo Anselmo, infiltrado pelos torturadores da ditadura nos partidos clandestinos que pregavam a luta armada. Ele foi responsável pela prisão, tortura e morte de centenas de militantes contra o regime militar, inclusive da própria mulher, Soledad Viedma, da VPR, presa e assassinada em Pernambuco.
Muitos militantes dos partidos clandestinos foram presos, torturados. E os que não morreram responderam a processos e cumpriram penas ou foram para o exílio. Eram presos políticos, depois beneficiados pela lei da anistia ampla, geral e irrestrita. Acontece que tortura e assassinato não são crimes políticos e não prescrevem.
Na Argentina e no Chile, torturadores e assassinos de presos políticos foram processados e pagaram por seus crimes. Aqui no Brasil nenhum deles sofreu punição. Cabo Anelmo, por exemplo, vivia como um cidadão de bem numa pacata cidadezinha.
Ele é um bom exemplo. Mas com muitos outros participantes direta ou indiretamente das torturas também não aconteceu nada: Adyr Fiuza de Castro, Ednardo D’Ávila Melo, Sérgio Fleury, Carlos Alberto Brilhante Ustra, Amilcar Lobo, Harry Chibata, Brigadeiro Burnier são alguns exemplos da impunidade no Brasil.
Mas todos estão morrendo e deixando para trás um legado de sangue de brasileiros que, certos ou errados, lutaram contra a ditadura. Não sei se é verdade, corre na internet uma informação esclarecedora:
Segundo a meteorologia, essa onda de calor é causada porque o diabo abriu a porta do inferno para o Cabo Anselmo entrar.
TENTATIVA DIFÍCIL
Dirigentes do União Brasil, novo partido resultante da fusão do DEM com o PSL, estão tentando iniciar negociação para unificar uma candidatura de terceira via. O MDB, o Podemos e até o PSDB admitem sentar para conversar, embora seja difícil fazer com que Dória e Moro, por exemplo, desistam de ser candidatos, pelo menos por enquanto.
O grande entrave para essa negociação, no entanto, é o PDT. O partido insiste na candidatura própria, já lançou oficialmente a de Ciro Gomes e só aceitaria uma composição com seu candidato como cabeça de chapa. Ou seja, não quer negociação, quer adesão.
Mais radical ainda que o partido é o candidato. Com sua natural agressividade Ciro Gomes fala mal de todos os concorrentes, humilha alguns, ofende outros, praticamente fechando as portas para qualquer entendimento, inclusive num possível segundo turno.
As pesquisas mostram que, mais uma vez, ele não tem a menor chance de se eleger, Não consegue sequer chegar aos dois dígitos nas intenções de votos. Na eleição passada aconteceu a mesma coisa e Ciro, entre apoiar Haddad ou Bolsonaro, preferiu se abster. Embarcou para Paris logo após a derrota no primeiro turno.
Já andam dizendo que a passagem para a França está comprada. Não se sabe se é para antes do primeiro ou do segundo turnos.
DECISÃO LENTA
A guerra na Ucrânia vai mexer com a economia mundial e o Brasil não está livre das consequências. O nosso ministro da economia, Paulo Guedes, está apreensivo, preocupado, mas ao mesmo tempo confiante. Disse em entrevista que, se houver mesmo “a segunda guerra mundial”, nossa economia está pronta para enfrentar as dificuldades.
Que Paulo Guedes é lento e pouco firme na tomada de decisões ficou claro nesses três anos de governo. Mas que ele pensa com tanto atraso é novidade. Será que lá na escola de Chicago ensinaram economia mas esqueceram de dizer que a segunda guerra mundial durou de 1941 a 1945?
Xii, Pulo Guedes continua na década de 40. Está sendo chamado de Paulinho Barrichelo!!!
FOTOS
Sydney Possuelo: decisão de devolver a medalha que mereceu ganhar, diferentemente de Bolsonaro
Carluxo em Moscou: viagem mal contada
Joaquim Luna: presidente da Petrobras será alvo de golpe de Bolsonaro
Cabo Anselmo, ontem e hoje: um agente duplo, infiltrado pela repressão na luta armada, responsável pela morte de centenas de militantes de esquerda
Paulo Guedes: o marcha lenta
Luiz Eduardo Rezende é jornalista com passagem pelos jornais O Dia, O Globo e Jornal do Brasil
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