LONDRES – Jornalistas de todos os principais meios de comunicação britânicos, da BBC ao tabloide The Sun, abandonaram uma entrevista coletiva na sede do governo britânico nesta segunda-feira, depois que o diretor de Comunicação do primeiro-ministro Boris Johnson tentar restringir o encontro a um grupo de repórteres.

O governo britânico convidara jornalistas de cerca de 12 organizações, incluindo o Financial Times, o The Sun e o Daily Telegraph, para comparecer a um encontro onde seriam transmitidas “informações técnicas” sobre os planos comerciais de Johnson depois do Brexit.




Profissionais que habitualmente comparecem a esses encontros, mas não tinham recebido o convite, também apareceram. Eles puderam entrar na sede do governo em Downing Street, mas, em seguida, tiveram o acesso barrado à entrevista coletiva, após Lee Cain, um dos mais experientes assessores de Johnson, ler uma lista de quem poderia participar do encontro.

Após o anúncio, todos os jornalistas — incluindo Laura Kuenssberg, da BBC, e Robert Peston, da ITV, dois dos mais conhecidos jornalistas do Reino Unido — também deixaram a sala, em solidariedade aos colegas.

Entre os veículos barrados estavam o Daily Mirror, o Independent, o PoliticsHome e outros.

Perguntado sobre por que barrara alguns meios de comunicação, Lee Cain respondeu que “nós recebemos para informar quem quer que nós queiramos, quando quer que queiramos”.

O sindicato nacional de jornalistas denunciou o incidente como “muito preocupante” e instou o governo a “pôr fim à paranoia e a trabalhar com todos os meios de comunicação, não só com seus favoritos”.

A medida evoca o tratamento que a Casa Branca sob Donald Trump dá a jornalistas que lhe são incômodos, e representa um significativo momento de tensão entre Johnson e a imprensa.