Indisciplina nas Forças Armadas impregna os quartéis brasileiros

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A leniência e, por que não dizer, cumplicidade para  não punir atos de indisciplina dos militares talvez seja um dos maiores desafios  que o governo do presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará depois de sua posse, que o transformará novamente no comandante supremo das Forças Armadas.

Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência




Elas foram totalmente contaminadas e, em alguns casos, beneficiadas pelo governo do capitão reformado (palavra tênue para designar encostado e punido por mau comportamento). Milhares do oficiais foram alçados a cargos na Administração Civil, percebendo polpudas remunerações, muitos deles acumulando vencimentos oriundos da Militar e também da Pública. Se não são consideradas ilegais, pode-se dizer que são imorais, sobretudo quando a nação possui alegada falta de recursos para combater a fome, que atinge a 33 milhões de brasileiros.

Construir Resistência teve acesso a um fato considerado irrelevante pelas autoridades, mas mostra o grau de comprometimento dos militares com o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Ele se deu nas eleições de 2018 e a não punição de atos de indisciplina como este se transformou no chamado ovo da serpente do fascismo brasileiro.

A chefe da Divisão Médica do Quartel da Força Aérea de São Paulo, tenente-coronel Lorenza Barboza Freitas Zani, utilizou suas redes sociais para fazer campanha aberta em 2018 do capitão reformado Jair Bolsonaro. Ela, que já havia sido denunciada por obrigar os médicos da corporação a fazerem a prescrição de hidroxicloroquina para pacientes com sintomas de Covid durante a pandemia, medicamento sabidamente inócuo e ineficaz, também fez propaganda irregular do governante de extrema-direita.

Sua atitude de médica dentro dos quartéis demonstra o desafio à recomendações médicas da OMS e total fidelidade às ideias fracassadas do atual presidente, cujo mandato expira pelo desejo popular no dia 31 de dezembro, responsável direto pela morte de 400 mil brasileiros por retardar a compra das vacinas que poderiam ter salvo milhares de vidas.

A imposição da hidroxicloroquina, que o governo havia comprado aos milhões, torrando inutilmente o dinheiro público, serviu apenas para ser descartado na lata do lixo. Um dos crimes lesa pátria do genocida.

Lorenza Zani não se deu ao trabalho sequer de apagar as mensagens que faziam campanha eleitoral aberta de Bolsonaro em 2018, contrapondo o decreto 76.322/75, assinado pelo presidente de triste memória, general Ernesto Geisel, que determina o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (RDAER), no Título II, capítulo I, que trata das Transgressões Disciplinares, em seu Art. 8º, a qualificando como “toda ação ou omissão contrária ao dever militar”.

A tenente coronel  Lorenza Zani transgrediu ao fazer campanha aberta de Jair  Bolsonaro o artigo 71 (travar polêmica, através dos meios de comunicação sobre assunto militar ou político); e 72 (autorizar, promover, assinar representações, documentos coletivos ou publicações de qualquer tipo, com finalidade política, de reivindicação ou de crítica a autoridades constituídas ou às suas atividades); e 73 (externar-se publicamente a respeito de assuntos políticos) do Regulamento Disciplinar da Aeronáutica (RDAER). E não foi sequer advertida por isso.

É importante lembrar que todo este desrespeito à Constituição Brasileira teve origem durante a deposição da presidenta Dilma Rousseff, vítima de um golpe de estado, quando o então deputado federal Jair Bolsonaro fez elogios ao torturador sanguinário, chefe do aparelho repressivo conhecida como OBAN, o coronel Alberto Brilhante Ustra, por ocasião da farsesca votação do impeachment da mandatária, quando deveria ter saído preso do Congresso Nacional, por fazer apologia da tortura, crime previsto no Código Penal. Em alguns casos, ele é inafiançável.

Militares como a tenente coronel Lorenza Zani se sentiram assim autorizados a descumprir a lei, característica comum nos governos autoritários de extrema direita como é o de Jair Bolsonaro, um péssimo exemplo de cidadão e de ex-militar, que está ainda agora ajudando a conturbar a ordem contra a posse do presidente Lula em Brasília.

É necessário desnazistizar as Forças Armadas e trazê-las de volta à sua finalidade Constitucional que é servir à Pátria e não se Servir dela, como acontece no governo fascista de Bolsonaro.

Lula terá muito trabalho pela frente.

Abaixo as postagens que se encontram até hoje no Facebook da tenente coronel da FAB, Lorenza Zani

Mensagem passada aos médicos do quartel da FAB em São Paulo pela tenente coronel, a médica Lorenza Zani por ocasião da pandemia

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