A influência da santa

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Por Ulisses Capozzoli, Facebook

N.S. da Conceição é a campeoníssima entre as padroeiras de cidades no Brasil. Se quiserem saber o porquê dessa preferência sugiro que procurem alguém que entenda do assunto. Não tenho ideia do motivo. Só sei que é a grande campeã. Por que estou falando disso? Me explico. Às 15h50 de hoje o congestionamento na cidade de São Paulo chegou a 813 km. Isso mesmo que você acabou de ler: 813 km. Nunca ouvi falar de uma trava dessa dimensão. Desconfio que seja um recorde.




O que isso tem a ver com N.S. da Conceição? Me explico mais uma vez. Em várias cidades próximas, entre elas parte da área metropolitana, hoje foi feriado. E em um feriado próximo ao Natal, as pessoas iriam fazer o quê, apesar da generalizada falta de reais. (Me divirto sempre ao falar o nome da moeda brasileira: Real. Mas então somos uma realeza? Acho que essa era a intenção original. De qualquer forma, ninguém se importa com isso. É apenas o nome momentâneo da moeda, que já foi pataca, cruzado, cruzado novo. E perdeu o nome mais poético: Cruzeiro, em referência à constelação do Cruzeiro do Sul, em torno do que giramos ao longo de todo o ano).

Retomando a falta generalizada de “reais”. As pessoas estariam fazendo o que? Certamente comprando uma bugiganga aqui & outra ali. Queimando um pouco de gasolina que também anda com preços pela hora da morte.
Ah! Mas tudo bem. Estamos no final do ano e o Natal vem aí.

Sempre estive de acordo com esse negócio de torrar uma grana num evento curto e pontual, como o Natal. Senão, quando teremos uma oportunidade assim. Torrar uma grana com a sensação de que ela é inesgotável. Outro dia me antecipei nessa experiência. Fui numa importadora e gastei uns bons trocados em rubis e diamantes líquidos de vinho.

Minha teoria é: gaste seu dinheiro em vinho. Não em antibióticos, antidepressivos e conversa mole com um exército de terapeutas.

Mas, retrocedendo mais uma vez. (acho que ainda estou confuso com o trânsito). Só uma consideração adicional. Na verdade, não tenho simpatia nenhuma simpatia pelo Natal. Época em que as famílias brigam porque um teve mais sucesso que o outro. Comprou um carro novo e o outro ainda anda com o velho. As cunhadas se engalfinham numa luta silenciosa e subterrânea, com os olhos transformados em poderosos e mortais fuzis, camuflados por um inocente e falso: “Feliz Natal”. Os primos ricos olham com desdém e ironia para os primos pobres e sem abrir a boca dizem: “se ferraram mais uma vez”.

Tenho uma resposta pessoal para esses desafios entre primos que costumam acontecer no Natal: “dá um tempo que a gente volta a conversar”. Perto de 60 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil nesta data dedicada a N.S. da Conceição. Os tais 13 milhões, que já é muito, a que o governo e a mídia se referem, incluem apenas os que continuam procurando trabalho. Os que já estão sem sapatos, calças, camisas e ânimo para continuar tentando não contam.

Os economistas são geniais. Por isso tenho enorme respeito & admiração por essa gente. Se os economistas gerenciassem a atmosfera, há muito teríamos ficado sem oxigênio. Mas isso não os desestimula a encher o peito e expor um blábláblá sem nada de consistência. Que os repórteres de TV não questionam. Afinal, só estão cumprindo a pauta. Os colegas da mídia impressa fazem a mesma coisa. São muito solidários entre si.

Daí o suposto prestígio de que desfruta um factoide como o ministro da fazenda, aquele que antes de ser ministro tinha cargo de direção na JBS. Com aquela fala estranha de Dark Vader. Alguém já reparou na “coincidência”?

Bom, mas minha intenção era me referir ao prestígio de N.S. da Conceição. O feriado coletivo em um amplo entorno da cidade de São Paulo teve o efeito dessa coincidência. O 8 de dezembro, data da santa, este ano caiu numa sexta-feira. E o resultado disso foi um caos completo no trânsito já caótico. Com contribuição da chuva que caiu com todo empenho de São Pedro.

Olhando, sem reparar muito, parece que N.S. da Conceição não tem nada a ver com o trânsito caótico de hoje.
É. Parece, mas não é. As coisas são todas muito estranhas. E as pessoas é que não percebem nada disso.

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