Intelectuais e artistas apoiam Dilma em abaixo-assinado

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Publicado em Carta Maior

Conscientes do peso histórico do que será decidido no próximo dia 26, um grupo de intelectuais e artistas apoiam Dilma e repelem a regressão conservadora.

Ichiro Guerra / Dilma 13




 Não há como lavar as mãos e terceirizar os próximos quatro anos da nação brasileira ao acaso. Ou pior, aos impulsos irracionais dos mercados entregues à própria lógica.

Um ciclo de crescimento se esgota; outro terá que ser construído.

É vital a participação de todas as forças da sociedade na definição  das linhas de passagem que devem ordenar  o curso seguinte da história brasileira. As urnas de outubro são um pedaço da caminhada.

Conscientes do peso histórico do que será decidido no próximo dia 26, um grupo de intelectuais e artistas brasileiros decidiu emprestar o seu nome, a sua voz e a sua coerência histórica para amplificar o alerta  ao risco condensado no júbilo dos mercados com o credenciamento da agenda conservadora na disputa deste segundo turno.

Esse alerta tomou a forma de um abaixo-assinado de apoio à reeleição da Presidenta Dilma Rousseff, que começou a circular nas últimas horas em todo o país.

O que o impulsiona é evidência de que, em nome da mudança, articula-se na verdade a restauração do projeto que vigorou no país nos anos 90, com as sabidas consequências econômicas e sociais.

Vulgarizadores do credo neoliberal celebram as multidões de junho de 2013 como um endosso à qualquer mudança.

Tomam a nuvem por Juno e por isso trombam no essencial: o que anda para frente não se confunde com o cortejo empenhado em ir para trás.

O que o Brasil reclama não cabe no programa regressivo que se apresenta às urnas agira como modernizante.

O Brasil quer mudar porque o país que emergiu na última década de governos progressistas não cabe mais nos limites do atual sistema político.

A resposta é mais democracia.

Mas os que apregoam a mudança são contra o plebiscito da reforma política; rejeitam referendos  e demonizam a simples menção a uma Constituinte para tratar da mãe de todas as mudanças: a reforma política.

Milhões de homens e mulheres que ascenderam na pirâmide de renda desde 2003 querem mais,  porque ainda não encontram acolhida bastante na infraestrutura secularmente planejada para 30% da população.

A resposta é mais investimento público; melhor planejamento urbano; maior presença do Estado na coordenação do esforço de inversões público e privadas.

Mas o conservadorismo quer dobrar a aposta no arrocho fiscal, na alta dos juros, no desmonte do regime de partilha do pré-sal, no fim da exigência industrializante de conteúdo nacional nas compras da Petrobrás.

Os brasileiros querem mais mudança porque não tem expressão no esquizofrênico ambiente de um sistema de comunicação que exacerba e distorce a natureza dos desafios brasileiros, ao mesmo tempo em que interdita o debate e veta as respostas progressistas a eles.

A opção é a regulação democrática do sistema de comunicação, para que se torne mais ecumênico e plural.

Tudo o que eles qualificam como ‘autoritário e intervencionista’.

Não por acaso se desdenha do voto dos que precisam de fato que  o Brasil mude.

Quem?

Os 14 milhões de lares beneficiados pelo Bolsa Família e outros programas sociais, por exemplo.

O expurgo dos pobres da cabine eleitoral é uma velha aspiração conservadora.

Foi só em 1988, com a Constituinte Cidadã, que o Brasil universalizou o direito ao voto. Um fundamento democrático e republicano ainda hoje mal digerido  por aqueles que sonegam ao voto do nordestino ‘mal informado’ a mesma qualidade e peso que tem o voto do eleitor do Sudeste do país.

O Brasil tem razões adicionais para não aceitar que a regressão fale em seu nome.

A desigualdade entre nós ainda grita alto em qualquer competição mundial.

Mas entre 2003 e 2011, o crescimento da renda dos 20% mais pobres superou o dos BRICs, exceto a China. (Fonte: IPEA).

O Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população, graças às políticas públicas deliberadamente voltadas aos mais pobres. (Fonte: consultoria Boston Consulting Group, que comparou indicadores de 150 países).

A narrativa conservadora sempre desdenhou da dinâmica estruturante embutida nesse degelo social.

Ou isso, ou aquilo.

Ou se reconhece os novos aceleradores do desenvolvimento ou o alarde dos seus gargalos é descabido.

A verdade é que ambos são reais.

O malabarismo está na pretensão de afinar multidões na rejeição ao ciclo que as gerou, despertou e agregou.

Esse contrassenso rebaixa e infantiliza o debate das escolhas que devem aprofundar a mutação em curso no país.

Contra isso se levanta o abaixo-assinado lançado nas  últimas horas ao qual já aderiram nomes como os de Marilena Chauí, Luiz Gonzaga Belluzzo, Raduan Nassar, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Antônio Cândido, João Manuel Cardoso de Mello, entre dezenas de artistas, professores e intelectuais de diferentes áreas.

Une-os um mesmo propósito: o de libertar o debate eleitoral de 2014 do sequestro conservador. E o futuro do país também.

Por isso declaram seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff.

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