Ao todo, 15 prefeitos já foram presos desde dezembro do ano passado em esquema de desvios de licitação. Entenda
Por Patricia Faermann, compartilhado do Jornal GGN
Com a prisão de mais 8 prefeitos de Santa Catarina e outras dezenas de agentes políticos, durante a 4ª fase da Operação Mensageiro, o total de chefes de Executivo municipais detidos chega a 15 – boa parte deles apoiadores ou de partidos aliados de Jair Bolsonaro.
Trata-se da investigação de esquema corrupto envolvendo a coleta de lixo em Santa Catarina, no qual 13% de propina dos contratos das empresas de lixo teriam sido destinados a agentes públicos.
A Operação
A primeira fase da Operação foi deflagrada no dia 6 de dezembro do ano passado, levando à detenção diversos prefeitos. Nesta quinta-feira (27), outros 8 chefes de Executivo municipais foram levados à prisão preventiva.
Ao todo, desde que teve início, investigadores prenderam 40 agentes – prefeitos e servidores públicos, e cumpriram 196 buscas e apreensões.
A empresa Serrana
O epicentro do esquema investigado estaria nas mãos da empresa Serrana Engenharia (atualmente chamada Versa Engenharia Ambiental), de Joinville, que opera no recolhimento de lixo para 140 cidades de Santa Catarina. Durante 5 anos, a empresa foi beneficiada com R $354 milhões em contratos no setor.
Uma das principais informações obtidas pelos investigadores são planilhas dos sócios da Serrana, que revelam que dos R $34,3 milhões recebidos em contratos, somente R$ 10,2 milhões realmente foram destinados a serviços efetivamente prestados.PUBLICIDADE
Cerca de R$ 19,5 milhões foram contabilizados como lucro da empresa. Mas R$ 4,5 milhões foram o caixa específico da corrupção de agentes públicos.
Delação
Em 2020, o então prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, foi alvo da investigação e decidiu prestar delação premiada. Ele revelou que a prática corrupta ocorria em, ao menos, 4 cidades da região, e o laranja do esquema, Altevir Seidel, chamado de “Mensageiro” pelos prefeitos, é quem pagava as propinas aos agentes públicos pela Serrana Engenharia.
O caso está sob apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Santa Catarina. Os cálculos do Gaeco são de que o lucro da Serrana com o desvio teria ultrapassado R$ 100 milhões.
“A empresa Serrana Engenharia mantém, desde sua constituição até os dias atuais, o maior e mais complexo esquema criminoso de pagamento de vantagens espúrias para inúmeros agentes públicos e políticos no Estado de Santa Catarina”, havia apontado o grupo de investigação, em fevereiro deste ano.
Os prefeitos presos
Nesta etapa, foram presos os prefeitos de Massaranduba, Armindo Sesar Tassi (MDB); Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), de Três Barras; Adriano Poffo (MDB), de Ibirama; Patrick Corrêa (Republicanos), de Imaruí; Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá; Adilson Lisczkovski (Patriota), de Major Vieira; Alfredo Cezar Dreher (Podemos), de Bela Vista do Toldo; e Felipe Voigt (MDB), de Schroeder.
Em fevereiro, a 3ª fase da Operação prendeu o prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli e o vice Caio Tocarski (União Brasil), que teriam acertado um dos maiores superfaturamentos no esquema corrupto com a prestadora. Desde 2017, a Serrana recebeu R$ 23,4 milhões de licitação de Tubarão.https://c2b35e20c78bb44954dec846b7aa547e.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html
No início do mês, no dia 2 de fevereiro, o prefeito de Capivari de Baixo, Vicente Correa Costa (PL), foi preso. O seu secretário de Gestão e Fazenda, Glauco Gazolla Zanella, encontrou-se com Seidel, o operador da Serrana, em um hotel de Laguna, em setembro do ano passado.
Naquela mesma ocasião, Seidel também negociava propinas com o prefeito de Pescaria Brava, Deyvisonn da Silva de Souza (MDB). Além deles, também já foram presos os prefeitos Marlon Neuber (PL), de Itapoá; Antônio Ceron (PSD), de Lages; Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva; e Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul.