O jornalismo corporativo — especialmente dos Estados Unidos e do Brasil — tem um viés pró-Israel e anti-Palestina. Com a Operação Tempestade al-Aqsa, do Hamas, as distorções estão voando soltas.
Por Andrew Fishman, compartilhado de The Intercept
Na foto: Manifestantes palestinos queimam pneus durante um protesto contra repetidos ataques nos pátios da Mesquita de Al-Aqsa, perto da cerca com Israel, a leste da Cidade de Gaza. Foto: Hashem Zimmo/Thenews2/Folhapress
“MEU DEUS, É IGUAL à intervenção militar nas favelas do Rio – mas muito pior.” Isso é o que Cecília Olliveira, do Intercept, dizia repetidas vezes, horrorizada, enquanto caminhávamos pelos postos de controle militar israelenses e nas ruas enjauladas de Hebron, a cidade distópica que é a maior da Cisjordânia, na Palestina.
Os colonos religiosos israelenses – muitas vezes nascidos fora dali, em países como os Estados Unidos – estão casa a casa, centímetro a centímetro, tentando estrangular e desenraizar a sociedade palestina em Hebron e tomar a cidade santa. É seu “direito divino”, argumentam. O direito internacional e as organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem utilizam um vocabulário diferente: ocupação ilegal, Apartheid e crimes contra a humanidade, entre outros.
A realidade segregada e militarizada da cidade é chocante para qualquer observador externo, mas as condições são muito melhores do que as dos palestinos que vivem em Gaza, que é considerada pelas organizações de direitos humanos a maior e mais superlotada prisão ao ar livre do planeta, com 2 milhões de habitantes.
No sábado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez declarações abertamente genocidas: “Vamos transformar Gaza numa ilha deserta. Aos cidadãos de Gaza, eu digo: vocês devem partir agora. Iremos atacar todos e cada um dos cantos da faixa.” Evacuar ou ser bombardeada — só que os cidadãos de Gaza não tem para onde correr.
O ministro da segurança nacional que ajudará Netanyahu a cumprir essa promessa é Itamar Ben-Gvir, um colono extremista que foi condenado em um tribunal israelense por apoiar uma organização terrorista e incitar o racismo contra os palestinos em 2007.
Numa sucessão de ataques militares a zonas civis densamente povoadas nos últimos anos, Israel bombardeou instalações de tratamento de água, centrais elétricas, hospitais e escolas de Gaza, fechou as suas fronteiras e portos, proibiu a operação de um aeroporto e destruiu pelo menos um terço das terras agrícolas de Gaza desde 2000, quando evacuou assentamentos israelenses ilegais na área. No sábado, Israel lançou outro bombardeio a Gaza, o oitavo grande ataque desde 2005.
A causa imediata foi uma operação violenta sem precedentes perpetrada pela ala militante do Hamas, o partido político que governa Gaza desde a última eleição em 2006 e que tem apoio da população palestina. Esse ataque, chamado de “Operação Tempestade al-Aqsa”, surge no contexto de uma série de ações agressivamente provocativas por parte do governo israelense nos últimos meses — geralmente omitidas de cobertura jornalística — além de 75 anos de ocupação, e 16 anos de embargo apertado da Gaza.
Observadores internacionais, lideranças palestinas e pesquisas de opinião pública palestinas têm sinalizado há tempos que uma resposta violenta às agressões israelenses estava se desenhando, mas a liderança israelense de extrema-direita nunca imaginou que um golpe dessa magnitude fosse possível.
Até o momento, mais de 413 palestinos e 700 israelenses foram mortos. Há ainda mais de 2.300 feridos de cada lado.
Os olhos do mundo, depois de ignorar os ataques diários contra os palestinos, estão agora voltados para a tragédia em curso na Palestina e Israel. E, como é de se esperar, muitas das mesmas distorções, mentiras e meias-verdades de sempre estão sendo repetidas nos meios de comunicação corporativos e nas redes sociais para legitimar a violência israelense e atacar a resistência palestina à colonização.
Listo abaixo uma seleção de algumas das narrativas mais difundidas e perniciosas da mídia, tanto nos Estados Unidos e Reino Unido quanto no Brasil, onde a imprensa empresarial reflete em grande parte os pontos de vista estadunidenses sobre assuntos internacionais.
1. O “conflito Israel-Palestina” é uma “guerra”
Referir-se à ocupação israelense da Palestina como um “conflito” ou aos ataques israelenses como parte de uma “guerra” serve incorretamente para criar uma falsa equivalência entre as duas partes, como se fossem iguais e equilibradas.
Israel é uma nação independente que investe R$ 120 bilhões por ano nas forças militares e de inteligência, que estão entre as mais sofisticadas do mundo. Controla as fronteiras, os céus, as costas marítimas, as telecomunicações e a economia da Palestina, cujo governo tem uma autonomia extremamente limitada. A resistência armada palestina durante anos incluiu facas, fogos de artifício, explosivos caseiros e parapentes como parte essencial do seu arsenal. Os palestinos não têm tanques, aviões, navios de guerra, submarinos ou artilharia pesada. Nos últimos anos, receberam mais ajuda militar estrangeira — ainda irrisória em comparação ao poderio dos militares israelenses.
Israel não está em “guerra” ou em “conflito” com o Hamas ou com a nação da Palestina — é uma força de ocupação colonial ilegal que usa seu exército poderoso para, diariamente, cometer crimes contra a humanidade para reprimir os palestinos, um povo que está resistindo sua colonização racista.
2. Israel é uma “democracia ocidental”
Deixando de lado uma série de decisões políticas e jurídicas autoritárias dos últimos anos, Israel realiza eleições regulares, tem um parlamento, um Supremo Tribunal, uma imprensa em alguma medida livre e todas as instituições de uma democracia. Mas falta uma coisa importante: os 5 milhões de palestinos que estão sob ocupação israelense não têm direito a voto. Se todos que estivessem sujeitos à autoridade israelense tivessem o direito de votar, a maioria seria palestina e a política israelense seria totalmente diferente. Se incluirmos os milhões de refugiados palestinos fora do país que gostariam de regressar à sua terra natal, o quadro se torna ainda mais claro.
Além disso, a maioria eleitoral sionista tem passado uma série de leis discriminatórias que visam limitar os direitos de cidadãos não-judeus de Israel. Essas são as principais razões pelas quais muitos observadores internacionais não consideram Israel uma verdadeira democracia.
E embora saibamos que isso não acontece na prática, em princípio, esperamos que as democracias ocidentais pelo menos finjam que respeitam os direitos humanos. Israel não tem esta pretensão há anos.
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3. A ausência da palavra “Apartheid”
As Nações Unidas, a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e muitas outras organizações e acadêmicos proeminentes rotularam Israel como um estado colonial de Apartheid. Isto significa que o Estado pratica discriminação e segregação sistêmica racial de forma desumana para oprimir determinadas populações. As provas são esmagadoras e esta é a realidade dos cidadãos palestinos de Israel e ainda mais dos súditos coloniais palestinos nos territórios ocupados.
Este fato, contestado pelas autoridades israelenses e muitas vezes ignorado ou qualificado pela imprensa, é um elemento importante do apelo palestino à justiça e à autodeterminação e é crucial para demonstrar por que a resistência palestina é uma luta de libertação legítima e não apenas terrorismo irracional e antissemitismo, como querem fazer crer.
4. “Israel respondeu à agressão palestina” (A Palestina é sempre o agressor)
Os ataques israelenses a civis palestinos — que são crimes de guerra — são quase sempre enquadrados como respostas às provocações palestinas, colocando assim o ônus sobre os palestinos colonizados. Este enquadramento por grande parte da imprensa ajuda a atenuar a culpabilidade israelense, e é geralmente uma delimitação arbitrária que ignora as provocações criminosas dos israelenses contra os palestinos – muitas vezes feitas com pleno conhecimento de que estes atos levarão a uma resposta bélica.
Nada une melhor as sociedades do que uma ameaça comum e, em diversas ocasiões no passado, os líderes israelenses foram acusados de provocar respostas violentas intencionalmente, a fim de aumentar a coesão política e obter apoio público.
O Hamas é explícito ao afirmar que as suas ações hoje são uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a situação do povo palestino. “Queremos que a comunidade internacional pare com as atrocidades em Gaza, contra o povo palestino e aos nossos locais sagrados como al-Aqsa. Todas essas coisas são a razão por trás do início desta batalha”, disse o porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, à Al Jazeera.
Israel é liderado atualmente pelo governo mais da extrema-direita da sua história e está passando por graves turbulências políticas, incluindo manifestações históricas que atraíram milhões de cidadãos nas ruas, protestando contra novas reformas autoritárias que diminuem o poder do judiciário. Este governo extremista tem provocado agressivamente tensões com os palestinos há meses e os líderes palestinos têm alertado a comunidade internacional de que estas provocações eram uma escalada que levaria a uma nova escalada.
Em julho passado Israel invadiu Jenin, um dos maiores campos de refugiados da Cisjordânia, matando 12 pessoas e atingindo 80% das casas depois de “terraplanar” as ruas com escavadeiras. Um ministro do governo declarou publicamente que “não existe” povo palestino e, após uma chacina perpetrada por colonos israelenses no povoado palestino de Huwara, disse que o local deveria ser “apagado” pelo Estado.
As provocações israelenses são demasiado numerosas para serem enumeradas, mas muitas se centraram em torno da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islã. A mesquita e seus arredores têm sido palco de repetidas e incessantes atos de violência por parte das forças de segurança israelenses e de colonos judeus ultraortodoxos, muitas vezes gritando“morte aos árabes”.
“Os ataques diários contra locais sagrados e fiéis durante o mês sagrado do Ramadã são ações condenáveis e inaceitáveis que irão inflamar a região e arrastá-la para o abismo”, disse um porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, que representa o povo palestino internacionalmente, em abril deste ano. As provocações continuaram e há três dias, judeus ultraortodoxos invadiram os arredores da mesquita – uma ofensa grave e intencional – com a ajuda das forças de segurança israelenses.
Israel também reduziu recentemente os direitos dos prisioneiros palestinos, o que levou a uma greve de fome de centenas de prisioneiros e a um protesto em Gaza, onde soldados israelenses mataram um manifestante e feriram outros nove. Mais de 5.000 palestinos são presos pelo Israel, inclusive muitos líderes políticos eleitos, como o popular herói da resistência palestina Marwan Barghouti.
Tudo isto somado a 75 anos de ocupação, a 16 anos de embargo a Gaza e racionamento de bens básicos — que vão de água e comida a insumos médicos — que está propositalmente estrangulando a economia local.
5. Israel tem o direito de se defender (a Palestina não)
Israel, seus aliados como os governos dos Estados Unidos e da Alemanha, e os principais meios de comunicação corporativos, tendem a repetir a mesma frase pouco antes de Israel bombardear áreas civis: “Israel tem o direito absoluto de se defender”. Foi o que disse o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak no sábado.
Que as nações podem e devem defender a sua soberania é universalmente aceito, mas esse conceito não se aplica a ações ofensivas, nem a ataques contra civis. A imprensa segue enquadrando os ataques israelenses aos palestinos como legítimos atos de guerra “retaliatórios” e “defensivos”, como se todos os ataques que lançam fossem “absolutamente” justificados, mesmo alvejando civis.
Se a violência fosse vista em seu contexto completo, seria mais provável que fosse vista como atos agressivos de violência para desmoralizar e rachar um povo colonizado, até mesmo usando castigos coletivos, o que segundo as leis internacionais, é crime de guerra.
Ao passo que Israel é sempre enquadrado (incorretamente) como defensivo, o Hamas é apresentado como beligerante e, portanto, seu “direito absoluto de se defender” não é sequer discutido. Nas ocasiões em que a dinâmica é levantada, a resposta comum é rotular o Hamas como uma força terrorista e citar como as suas operações afetam os civis israelenses — argumentos que seriam enfraquecidos se não fossem aplicados unilateralmente.
Em teoria, como Israel é responsável pelo ato inicial de agressão – a ocupação – e é a força de ocupação com esmagadora superioridade bélica, deveria ser considerado como o provocador e também sujeito a mais cobranças do que um movimento guerrilheiro de resistência anticolonial. Na realidade, ocorre exatamente o oposto na grande imprensa.
6. O Hamas é uma organização terrorista (mas Israel não)
O governo dos Estados Unidos rotulou o Hamas como uma organização terrorista em 1997 e fornece a Israel bilhões de dólares em ajuda todos os anos.
Segundo a ONU, antes da Operação Tempestade al-Aqsa, as forças israelenses mataram mais de 6.300 palestinos desde 2008, mais da metade deles civis, e feriram outros 150.000. Os palestinos mataram 308 israelenses – 131 dos quais eram civis – e feriram mais 6.307.
Foi repetidamente demonstrado que Israel alveja civis intencionalmente, detém crianças em confinamento solitário durante longos períodos, tortura prisioneiros detidos sem acusações, fornece proteção a colonos enquanto eles saqueiam povoados palestinos, demolem casas, racionam água abaixo das necessidades diárias mínimas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde — e muito mais. A Human Rights Watch chegou ao ponto de rotular as ações de Israel como “crimes contra a humanidade”.
Esta é uma lista muito incompleta do terrorismo diário do Estado israelense.
Claramente, há um duplo padrão em jogo e este rótulo de “terrorista” é importante retoricamente para cobrir corretamente as atrocidades cometidas por Israel.
Todos nós deveríamos ficar horrorizados com o terrorismo. E por isso, condenar os atos do lado mais fraco e, ao mesmo tempo, dar passe livre aos colonizadores, minimizar seus crimes ou, pior, fornecer apoio financeiro, político e retórico a eles, só serve para perpetuar a situação e incentivar mais atos de terror.
7. Todos os ataques palestinos a Israel são terrorismo
As convenções internacionais de direitos humanos têm afirmado repetidamente o direito dos povos colonizados e ocupados de resistir à sua colonização.
Múltiplas resoluções da Assembleia Geral da ONU “reafirmam a legitimidade da luta dos povos pela independência, integridade territorial, unidade nacional e libertação da dominação colonial, do apartheid e da ocupação estrangeira por todos os meios disponíveis, incluindo a luta armada.”
Resoluções da ONU também afirmam explicitamente que “a negação dos direitos inalienáveis do povo palestino à autodeterminação, à soberania, à independência e ao regresso à Palestina […], bem como [reconhecem que] a repetida agressão israelense contra a população da região, constituem uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais.”
As Convenções de Genebra protegem os indivíduos que “lutam contra a dominação colonial e a ocupação estrangeira e contra os regimes racistas no exercício do seu direito à autodeterminação” — um reconhecimento da legitimidade de tais lutas armadas.
As mesmas convenções não permitem ataques a civis, o que inclui colonos ilegais fortemente armados ou reservistas militares — a maioria da população israelense adulta — que não estejam ativamente envolvidos em combate.
8. “É uma questão muito complexa”
Esta é a tática retórica favorita dos sionistas liberais que não querem defender abertamente os crimes de guerra e das pessoas que têm medo de assumir uma posição moral impopular. Existem muitos detalhes, fatos e nuances, é claro.
Mas o quadro geral é ainda mais claro: Israel é uma nação colonial que roubou terras palestinas com armas em punho, perpetrando uma limpeza étnica que dura até hoje. É, portanto, um governo imoral, genocida, terrorista e ilegítimo e a resistência palestina é justificada sob a lei internacional e convenções morais.
Os refugiados palestinos mundo afora têm o direito de voltar para casa. A comunidade internacional deve tomar medidas para forçar Israel a aceitar uma solução justa e evitar o derramamento de sangue inocente e a limpeza étnica. A existência de um estado etno-religioso é antagônico a todos os valores liberais e democráticos modernos.
9. “A solução de dois Estados”
Durante anos, a solução política preferida para a ocupação israelense da Palestina foi a chamada “solução de dois Estados”, na qual a Palestina histórica seria dividida em dois Estados que viveriam lado a lado, um predominantemente judeu e o outro predominantemente não-judeu. Isto significaria o fim da ocupação e uma oportunidade para uma paz duradoura.
Os detalhes de tal resolução foram longamente negociados e os dois lados chegaram muito perto de um acordo na década 90, mas essa oportunidade acabou quando um terrorista israelense de extrema-direita assassinou o primeiro-ministro israelense Yitzkah Rabin em 1995. Desde então, o establishment político israelense deslocou-se ainda mais para a direita e Israel passou a ocupar ilegalmente grandes áreas da Cisjordânia, tornando efetivamente impossível qualquer acordo. Hoje, três quartos dos palestinos acreditam que uma solução de dois Estados não é mais possível.
A única opção possível neste momento é uma solução de um Estado único. E se isso ocorresse hoje, os judeus estariam em minoria, portanto os sionistas hoje preferem manter o status quo de um Estado único com territórios ocupados e apartheid e não considerariam uma solução democrática de um Estado único com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza tendo plenos direitos políticos.
Aqueles que ainda estejam discutindo a possibilidade de uma solução de dois Estados está essencialmente ganhando tempo para o status quo, à medida que Israel aumenta a sua ocupação territorial ilegal e tenta ultrapassar os palestinos em termos de população através da política do retorno, inflando a imigração, e das elevadas taxas de natalidade fomentada entre as comunidades religiosas fundamentalistas.
10. As críticas a Israel são “antissemitas”
Durante muitos anos, qualquer crítica a Israel foi rotulada de antissemitismo. Isto tem sido especialmente verdade nos Estados Unidos, onde muitos jornalistas foram demitidos por fazerem comentários fatuais que não eram suficientemente pró-Israel. A autocensura extrema sobre o assunto nas redações estadunidenses tornou-se a norma — uma realidade que vivenciei pessoalmente.
Embora, é claro, os antissemitas pudessem criticar Israel e as críticas a Israel pudessem ser feitas de uma forma antissemita, essa correlação muitas vezes não está presente.
Ironicamente, a acusação de que a oposição a Israel é inerentemente antissemita é, em si, um conceito antissemita, pois junta uma identidade etno-religiosa diversificada em uma posição política única. É tão errado e ofensivo como dizer que todos os muçulmanos são terroristas porque o ISIS é “islâmico”, o que é um sentimento islamofóbico cultivado nesta sociedade educada por algumas das mesmas pessoas que argumentam que qualquer crítica a Israel é antissemita.
A utilização deste argumento cínico pelos defensores de um estado racista de apartheid tem, na verdade, o efeito de aumentar o antissemitismo no mundo ao dizer aos não-judeus que todos os judeus são iguais e apoiam as políticas terroristas do governo sionista israelense. Entre os judeus não-israelenses, especialmente os mais jovens, o apoio ao sionismo e a Israel está caindo vertiginosamente ano após ano – e isso preocupa o governo.
A crítica a Israel não é antissemita.
11. Israel é um farol de valores progressistas num mar de inimigos islâmicos regressivos
Israel é uma nação de colonos na qual um movimento ideológico de judeus sionistas, predominantemente vindos da Europa e da América do Norte, se propôs a estabelecer um “pátria” para o povo judeu – a sua Sião. O Estado foi fundado depois dos horrores do Holocausto, mas o movimento dos colonos o antecede em meio século.
Para criar este estado, os judeus sionistas se deslocaram de outros países e assassinaram sistematicamente os palestinos que ali viveram muito antes da palavra “sionismo” ter sido pronunciada. Também criaram leis com dezenas de tipos de discriminação legal contra os palestinos, num esforço forçar a saída do território e ter menos filhos para que os judeus sionistas pudessem se tornar majoritários na população.
Os palestinos vivem sob um regime de apartheid etnorreligioso desde que as milícias terroristas paramilitares judaicas varreram a histórica Palestina em 15 de maio de 1948. O que os israelenses consideram sua declaração de independência, palestinos chamam de Nakba – “a Catástrofe”. Pelo menos 750 mil palestinos, entre muçulmanos e cristãos, foram forçados a fugir de suas casas enquanto forças determinadas a estabelecer um “Estado Judeu” ocupavam 78 por cento da região ondemuitos grupos étnicos, de várias religiões, coabitaram durante milhares de anos.
Cerca de 530 cidades e aldeias palestinas foram atacadas e pelo menos 15 mil palestinos foram mortos na Nakba. Nas ações militares e paramilitares subsequentes, Israel ocupou cada vez mais terras, construindo colônias militarizadas populadas com fanáticos religiosos nascidos em várias partes do mundo e que não têm intenção de desistir de um centímetro dessas terras, pois vêem a sua ocupação da terra como uma profecia bíblica.
E, de fato, será difícil remover esses fanáticos religiosos, pois o governo israelense, cada vez mais controlador e extremista, tem um estoque de armas nucleares e apoio contínuo do governo dos Estados Unidos.