Por Luiz Carlos Azenha, compartilhado de Fórum
na foto: Retorno.Milhares de sírios estão retornando do Líbano e da Turquia. Como vão reagir a Israel?Créditos: Reprodução X
Maior beneficiário a curto prazo da derrubada de Bashar al-Assad, Benjamin Netanyahu autorizou as IDF a ocupar a zona tampão entre as colinas de Golã, território sírio já ocupado, e a fronteira.
A mídia de Israel diz que a ocupação será “temporária”, mas vai durar “enquanto for necessário”.
Soldados israelenses subiram ao topo do Monte Hermon pela primeira vez desde 1974, alegando o colapso do regime sírio.
Israel fez ataques aéreos ao que descreveu como depósitos de armas e munições do regime de Assad, alegando que não quer que o novo governo sírio, ainda em negociação, tenha acesso ao armamento.
Além de ocupar território palestino, Israel já controla nacos do Líbano e um pedaço significativo da Síria.
Por conta do enfraquecimento do Hezbollah, Tel Aviv domina militarmente todo o sul do Líbano abaixo do rio Litani, onde o Exército do Líbano deverá ficar estacionado — se forem cumpridos os termos do cessar-fogo fechado com a milícia xiita.
Petróleo
Em 2019, no governo Trump, os Estados Unidos reconheceram formalmente as colinas de Golã como parte do território de Israel.
A partir delas, sempre alegando defender sua fronteira, Israel fez um projeto de três fases que daria a Tel Aviv, na prática, controle substancial do sul da Síria.
Bashar al-Assad permanecia no poder e Israel já treinava uma “força policial” da oposição a ele para atuar nas províncias sulistas de Quneitra e Daraa, sobre as quais o governo tinha perdido controle.
Em 2015, a empresa Afek já havia anunciado reservas significativas nas colinas de Golã, com o potencial de tornar Israel exportadora de petróleo no futuro.
Israel conquistou o território na guerra de 1967 e o anexou em 1981, mas sem reconhecimento internacional.
Só gente graúda
A decisão de Trump em 2019 é atribuída a potenciais lucros com o petróleo.
A empresa Afek, que explora petróleo nas colinas de Golã, é subsidiária da estadunidense Genie Energy.
Do conselho da Genie fazem parte o ex-vice-presidente Dick Cheney, o magnata da mídia Rupert Murdoch, o ex-diretor da CIA James Woolsey e o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers. Acrescentem a este influente grupo Nathaniel Charles Jacob Rothschild, o quarto Barão Rothschild.
A área hoje explorada faz parte da mesma estrutura geológica onde grandes reservas de gás e petróleo foram encontradas na Síria, um dos motivos pelos quais o país está sendo despedaçado.
Além disso, reservas no mar Mediterrâneo estão em disputa entre Israel e representantes palestinos.
A recolonização de Gaza e a crescente ocupação da Cisjordânia tornam um estado palestino cada vez mais improvável, abrindo caminho para que Israel fique não só com as terras, mas todos os seus recursos naturais.
Porém, há incerteza quanto ao futuro, uma vez que um novo governo sírio pode ser forçado pela própria população, a longo prazo, a frear os planos de Tel Aviv e tentar reconquistar as riquíssimas colinas de Golã.