Israel x palestinos: a história como antídoto contra a má-fé

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É patética a indignação seletiva dos Estados Unidos e da União Europeia, reverberada pela imprensa ocidental, ao tratar da guerra deflagrada por Israel contra o povo palestino.

Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog




Na foto: Palestinos denunciam 'massacre' contra seu povo, enquanto Israel diz estar se 'defendendo' de militantes
Em 16 de setembro de 1982, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, no oeste de Beirute, no Líbano, mas de 3 mil palestinos foram assassinados por uma falange libanesa, com a cobertura das tropas israelenses. Foto: Reprodução

Bastam 15 minutos de atenção à cobertura da GloboNews para que a manipulação grosseira da guerra salte aos olhos. Repare que só são ouvidos “especialistas” pró-Israel.

Por essa lógica torta, o ataque do Hamas contra civis de Israel é terrorismo, mas o bombardeio, por parte do exército israelense, de mesquitas, casas, hospitais e escolas é apenas “o direito legítimo de Israel de se defender.”

De acordo com essa visão cínica da realidade, é justo que Israel aposte todas suas fichas no genocídio da população de Gaza, impedindo a entrada de comida, água, eletricidade e remédios.

Se a revolta contra o terrorismo e o massacre de civis fosse minimamente verdadeira, os países ocidentais e suas mídias não assistiriam de forma passiva e cúmplice ao despejo de bombas de Israel sobre as cabeças de mulheres, crianças e idosos da Faixa de Gaza. 

É bom que se diga: não passa de mais uma empulhação a justificativa oficial de Israel, segundo a qual sua principal missão na guerra é destruir o Hamas. Até porque isso seria impossível dado o enraizamento do movimento em Gaza. O fato é que Israel vem bombardeando em escala crescente a população civil, com o propósito de promover a maior matança possível.

Recomendo, para os que fazem juízo de valor sobre ao conflito desprezando o contexto histórico, um rápido exame da marcha dos acontecimentos ao longo de décadas:

Guerra 1948/1949 – Israel versus Egito, Iraque, Líbano, Síria e Jordânia. 900 mil palestinos foram expulsos das áreas incorporadas por Israel. Até hoje cerca de 5 milhões de palestinos vivem refugiados no Líbano, Síria e Jordânia. 

Guerra dos Seis Dias (1967) – Israel contra Egito, Síria e Jordânia. Israel anexou  a Península do Sinai e Faixa de Gaza, que pertenciam ao Egito,  além der Cisjordânia (Jordânia), Jerusalém Oriental  e Colinas de Golã (Síria). Com isso, ampliou seu território de 20.720 Km2 para 73.635 Km2.

Guerra do Yom Kippur – 1973: Tropas israelenses ocupam Suez, na fronteira com o Egito, para garantir proteção dosa territórios ocupados em 1967. O Egito retoma o Sinai, mas a guerra teve como principal consequência a alta do petróleo. 

Com o apoio incondicional dos EUA, Israel desobedeceu incontáveis resoluções da ONU exigindo sua retirada dos territórios ocupados ilegalmente. Só deixou Gaza e Cisjordânia, em 2005, depois dos Acordos de Oslo, que conferiram autonomia palestina sobre Gaza e Cisjordânia. 

Mas, na medida em que os governos israelenses foram sendo ocupados pela direita e extrema-direita, Israel foi implantando colônias na Cisjordânia, ampliando sua política de colonização e apartheid. Hoje são 140 assentamentos e 500 mil colonos. 

Massacres de Israel contra palestinos, a grande maioria civis

Operação “Chumbo Fundido” (2008) – 1400 palestinos mortos e 13 israelenses.

Operação “Pilar Defensivo” (2012) – 170 palestinos mortos e seis israelenses.

Operação “Margem Protetora” (2014) – 2.251 palestinos mortos e 74 israelenses.

Operação “Guardião dos Muros” (2021) – 232 palestinos mortos e 12 israelenses. 

Operação “Escudo e Flexa” (Maio/2023) – 35 palestinos mortos.

Primeira Intifada (rebelião palestina, com pedras e coquetel molotov) – 1203 palestinos mortos e 179 israelenses. 

Segunda Intifada – 3.330 palestinos mortos e 1330 israelense.

Campos de Refugiados de Sabra e Chatila (1982) – De autoria de uma falange libanesa, mas com a conivência do exército de
Israel: 3.500 palestinos mortos.

Enquanto Israel não abandonar sua política assassina e colonialista, submetendo os palestinos de Gaza e da Cisjordânia a um cerco desumano e a toda sorte de humilhações não haverá saída para crise que já dura décadas.

Enquanto os palestinos não tiverem reconhecido seu direito a um Estado livre e soberano, com fronteiras seguras e respaldadas internacionalmente, o sangue continuará a ser derramado. 

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