Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado
Os reacionários já vislumbraram com competência que a eleição de 2026 começa a ser ganha em 2025. É torcer para os progressistas entendam que Lula pode muito, mas não pode ir sozinho.
É isso mesmo, a eleição presidencial de 2006 começou no primeiro dia de 2025. É a partir de agora que saberemos se Luiz Inácio Lula da Silva ou quem for seu eventual candidato entrará na disputa com muitas ou poucas chances de triunfo. É muito cedo? Não mais. Dependerá de como o governo terminará o terceiro ano de mandato para conhecermos seu cacife.
Primeiro, é lógico que a preliminar é se Lula estará disposto a concorrer. Essa dúvida paralisa inclusive direita e extrema-direita no sentido de quem entrará na disputa. Nem todos têm a coragem de encarar Lula na urna se o atual presidente estiver bem de popularidade.
Hoje, percorrida já metade dos quatro anos de mandato, o Brasil permanece praticamente igual ao que saiu da eleição presidencial de 2022: dividido quase simetricamente, com pequena vantagem para Lula. Os índices de aprovação do governo atestam isso.
Não deixa de ser algo surpreendente os números atuais de pesquisa sobre o desempenho do governo, já que os índices econômicos são inegavelmente bons. Nível de emprego recorde, PIB com crescimento muito além do previsto etc, apesar de todo cerco que o mercado vem aplicando ao Planalto, além, é claro, das chantagens e boicote da maioria direitista no Congresso.
Há muita discussão sobre esse aparente engessamento na taxa de adesão à administração que, entre outros pontos, resgatou a civilidade arranhada pelo governo medieval anterior. Uma das hipóteses que pode estar pesando é a inflação específica dos alimentos, que tem muito maior relevância na fatia mais pobre dos brasileiros.
Lula certamente pesará muitos quesitos antes de se decidir, incluindo a sua idade, mas recentemente declarou que irá concorrer novamente se sentir que o Brasil corre de novo o risco do retrocesso da extrema-direita. Melhor, sem dúvida, que Lula encare mais esse desafio até por que sabemos, não sejamos hipócritas, que nenhum outro nome seria consensual no conjunto das esquerdas e nem no próprio PT.
A direita, notadamente os grandes meios de comunicação, já escolheu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como seu nome da vez. Quem conhece Tarcísio, no entanto, tem dúvidas se ele aceitaria o risco de colher uma derrota para Lula quando tem, até agora, uma reeleição aparentemente encaminhada no comando do Estado mais importante do País.
Se não for Tarcísio, a direita ou extrema-direita terá um candidato forte em 2026, não nos iludamos. A grita pela entrega do patrimônio público escondida pelo eufemismo “privatização” e a luta pela manutenção dos privilégios para a elite estão cada vez mais presentes. A última prova foi a verdadeira trincheira que o conservadorismo fincou no Parlamento contra a isenção de IR para a classe média mais baixa e o horror não disfarçado à proposta do governo de Lula de taxar minimamente lucros e dividendos que os super ricos continuam acumulando imoralmente.
Lula também vaticinou em dezembro passado que 2025 será a hora de “colher” o que o governo plantou nos dois primeiros anos de gestão. Não será fácil. A maioria de direita no Congresso só poderia ser enfrentada por forte mobilização popular nas ruas e, sabemos, não há hoje nenhum indicativo de ação nesse sentido.
O mais provável é que as forças progressistas ajam somente em 2026, apelando mais uma vez para o carisma de Lula, o maior líder popular da nossa História.
Pena, pois o cerco ao governo petista se intensificará agora. Afinal, a direita é burra em muitos quesitos, mas como bom abutre sabe a hora de atacar.
Os reacionários já vislumbraram com competência que a eleição de 2026 começa a ser ganha em 2025. É torcer para os progressistas entendam que Lula pode muito, mas não pode ir sozinho.
